DE VOLTA À ÍNDIA – VIAGEM A AMRITSAR
Nosso voo de Kathmandu para Delhi atrasou. Voo lotado. Dessa vez aeronave não é tão nova, mas irritante foi passar por 3 revistas pessoais entre ingressar na área de embarque até a aeronave. As policiais mexem em tudo e a vizinha, se cismar, faz tudo de novo. Irritante. Alegam ser por segurança. Quem vai querer soltar bomba no Nepal? Não tem nada para acabar mesmo! Pra mim não passa de paranóia. Querem mostrar serviço e dizer que a segurança lá é 10! Nem em Paris ou Londres, nem mesmo Tel Aviv, passei por uma segurança dessas, mesmo porque a revista é super falha! É só encheção de saco mesmo!
Khan nos esperava no aeroporto. Depois do check in, fomos bater perna nas redondezas que, na verdade, é um mercado. Krishna Market. Muitas lojas e tentações. Havíamos visto um KFC de verdade e fomos lá comer uma penosa. Na volta, caímos na tentação. Compras e compras.
Acho que o Hotel nos deu o pior e menor quarto. Kim reclamou a noite toda. Eu apaguei e não ouvi nada. Segundo a tia, passou a noite na cadeira porque tinha um bicho andando na cama dela. E também o ar condicionado estava muito frio. E haja reclamação. Ora, era só ter desligado o ar e chamado o house keeping pra trocar os lençóis. Tudo eu, tudo eu?
E fica trombuda! E continua a reclamar do café da manhã.
Meu saquinho de filó!
Check out e fazer hora esperando Khan para nos levar a estação de trem. Fomos até os correios, tentar enviar uns livros para o Brasil, para aliviar o peso. Descobri que fica mais barato levar comigo de avião, que enviar pelos correios. Além disso, pelo correio, se chegassem, demorariam pelo menos um mês.
Se conseguirmos enviar nossas malas direto para Mumbai, será o paraíso. Estão pesadíssimas.
Hora de seguir adiante. Vamos para Amritsar no trem das 16.30 h. Serão 6 horas de viagem.
Eu havia pedido ao Gaurav que queria viajar de trem. Mas era só um trecho. Ele exagerou!
Começou o drama. A sazinha que chegou primeiro se aboletou na janela que é nossa. Imagina! Queria que trocássemos de lugar. Nem morta que Kim abre mão da janela. Sobrou pra mim que fiquei na cadeira do meio, espremida que só uma sardinha em lata. E o pior. A sazinha não sabe o que é banho e nem desodorante, de preferência sem cheiro. Socoooooooooorro! Ela acabou de levantar o braço e ai me mata de sovaqueira. Eu mereço!
Não bastasse ontem vir de sardinha no vôo de Kathmandu pra Delhi, com uma pentelha ao meu lado que não parava um segundo. A curica parecia que tinha pulga na roupa. E ainda punha os pés na cadeira.
O trem saiu da estação e passamos pelo subúrbio de Delhi. Quanta sujeira, quanta pobreza.
Estou chegando a um ponto que isso já não me incomoda. É a normose.
Mas vamos dizer alguma coisa sobre Amritsar. É a cidade sagrada dos sihks, onde tem o Templo Dourado e de lá iremos até a fronteira da Índia com o Paquistão, onde, todas as tardes há a cerimônia do fechamento da fronteira.
Serviram jantar, mas devolvemos intacto porque é muito apimentada a comida. Contentamo-nos com o café que foi servido, suquinho e uns engana-trouxa, (bolinho de nada com nada, como nossos bolinhos de polvinho).
Chegamos às 22.35 h em Amritsar. Um guia, Heri, e um motorista sikh, bonito no seu turbante vermelho, parecia um deputado, como diz a Kim, aguardavam-nos na estação.
O hotel, como todos da Índia, cheio de luzes e estava acontecendo uma festa de casamento. As comadrezinhas convidadas aproveitavam para passear de elevador. Cada modelo que faria o Clodovil levantar de sua tumba. A molecada se esbaldando. O sonzão comendo de esmola.
Ainda bem que nosso apartamento é do outro lado do salão de festas.
Ai, caceta, que hotelzinho safado! Outra bela viola. Mas estamos tão cansadas que tudo que queremos é um banho.
Agora vem a novela das boas vindas que já conhecemos. Estamos ficando macacas velhas. Na recepção um rapaz mal vestido, sujo até, passou a mão na nossa chave e nas malas. Catei tudo da mão dele. Juro. Imaginei que fosse alguém da rua querendo uma gorjeta e ali estava pra levar nossa bagagem. Confusão! Não é que o rapaz é empregado do hotel? Como eu ia saber se até agora, onde fomos, todos os empregados dos hotéis usavam uniforme? Oh, mico. Rsrsrsrs
Tem mais. Chegamos ao quarto e começou uma romaria de empregados. Um trouxe as toalhas. Dali a pouco, outro trouxe papel higiênico, que fui pedir na recepção. Mais um – veio trazer água gelada.
Todos querendo gorjeta. PQP!
O melhor de tudo – para acender as luzes, tinha que colocar a chave na ignição. Ok. Mas toda vez que vinha um empregado trazer algo, como havíamos fechado a porta, tínhamos que retirar a chave da ignição e tudo apagava. Ou seja, atendíamos o povo no escuro. Coisa de indiano. Vá lá saber!
Inspeção no banheiro. Totalmente reprovado. Sujo pra cacete. Fotografei tudo. Improvisamos uma limpeza para nosso uso. Aqui, quem trabalha fora são os homens. As mulheres cuidam de casa.
Deitar é tudo que queremos, mas... que diabo é isso? Que sujo estranho e escuro, oleoso, bem no meio do lençol é esse? Aaaah, neeeeeeeeeeeem. Não dá, né?
Vesti-me novamente e fui recepção. Não pedi. Ordenei que trocassem os lençóis. Imagina se vou dormir em lençóis usados para lua de mel. Era uma mancha de vaselina ou coisa assim, uma coisa oleosa... só que preta!
Correu um senhorzinho para trocar e depois ficou de pé esperando a gorjeta. Não fez mais do que a obrigação. Obrigada, obrigada... e o pus para fora do quarto.
Às 10.30 horas nosso guia Heri chegou. Começamos o dia com a visita ao templo Dourado. Deixar os sapatos, meias... ir a pé, descalça, passando por poças de água para lavar os pés. Tivemos que fazer isso também. Ai, paranóia. Comecei a sentir meus pés coçando.
Oh, maravilha, a primeira visão do Templo Dourado! Emocionante!
Pasmem. A tia Kim que relutou em ir aos templos, decidiu entrar no Templo Dourado e ficou maravilhada com a beleza e limpeza do lugar.
Para ingressar no recinto, temos que cobrir a cabeça. Como eu já sabia, levamos lenços conosco.
Ficamos na fila de ingresso ao templo em silencio. Meditação. Pena que nossa visita ao interior do Templo Dourado tenha sido tão rápida e não se pode fotografar.
Não tem como descrever a riqueza que é o Templo Dourado. Por fora é decorado como o Taj Mahal, com o mármore encravado com pedras semi preciosas. Uma equipe trabalhava na limpeza externa das paredes e vários homens trabalhavam acocorados limpando os entalhes em mármore com lixa.
Também por dentro, o ouro resplandece. Luzes, espelhos, grupo cantando kirtans, devotos sentados no chão em meditação, outros rezando. Bonito e dourado sem agredir muito o bom gosto.
http://www.youtube.com/watch?v=5otMEyaIvO8
Fotografamos o que pudemos.
Dar uma volta completa no recinto do Templo Dourado leva tempo.
Pela programação, a visita seguinte é a um parque onde se homenageia os mártires indianos que foram fulizados a mando do governador britânico, quando faziam uma manifestacão pela independência.
Passagem rapidinha no Templo de Durga. Fomos de "rickshaw" (bicicleta local). A graça ficou por conta da tia Kim. Ela não acertava subir na carruagem adaptada a uma bicicleta. Hilário!
Que diferença. No templo tudo é sujo e cheio de moscas. E ter que entrar e atravessar tudo descalça... Vamos lá, em nome da aventura e da curiosidade. Tudo é Índia.
Paradinha para abastecimento. Como sempre, e isso me irrita, os indianos teimam em mudar o pedido que fazemos no almoço. Mas não temos muito tempo para discutir e devolver o pedido. Vai esse mesmo. Veio cheio de pimenta. Mandamos empacotar e demos para o motorista.
Rumamos para a fronteira da Índia com o Paquistão. Todas as tardes ocorre a cerimônia de fechamento das fronteiras. Milhares de pessoas, indianos e paquistaneses, turistas, estrangeiros, todo mundo vai lá para assistir.
Tia Kim desistiu de ir até a fronteira, pois teria que andar uns 500 metros no meio de uma multidão que levantava a maior poeira.
Passamos por um arremedo de revista pessoal, em uma câmera improvisada com tela de plástico, onde uma policial finge que nos revista.
Seguindo as orientações do guia, dirigi-me ao setor VIP. Isso. Os estrangeiros apresentam o passaporte e tem acesso a uma ala VIP para assistir à cerimônia. Até encontrei uma brasileira, de Curitiba.
É hilário! Cada lado grita mais alto e vaia o outro. Os militares que participam executam um tipo de balé. As assistências vão ao delírio e incentivam com gritos, palmas, aclamações. Dançam na avenida, cantam, participam. Eu não poderia perder isso por nada deste mundo.
Fui lá e gritei junto, aplaudi, fotografei, cantei Chak De Índia! Cantei Jay Ho... Foi bom demais. Nunca me diverti tanto na Índia, como na fronteira.
A poeira come de esmola.
Como eu queria fotografar o Templo Dourado a noite, escorreguei um dindin para o motorista e voltamos ao Templo. Corri feito doida para ir lá sozinha, porque ele estacionou longe e a tia Kim não irá me acompanhar.
Detesto fotografar às carreiras, mas era melhor assim do que não tentar fotografar à noite. Tomara que tenham escapado algumas fotos, porque fotografar à noite sem tripé e soooooda!
E fotografar às pressas para que a Kim não fique brava, é soda como dizia o Fócrates!
Ainda encontrei um guarda dentro do Templo que me parou e haja a falar em híndi. Em inglês, por favor.
De onde você vem? Brasil? Aaaaaaah, eu aaaaaaaaaaaamo o Brasil. E levou 10 minutos fazendo mil recomendações de segurança para eu tomar. Finalmente me deu passe livre e corri adoidada, mas com cuidado porque o mármore molhado é um perigo.
Gente, o Templo Dourado à noite fica ainda mais bonito, como se fosse possível ser mais do que é. E ainda havia uma lua nova em cima. Divino!
Nosso dia em Amritsar rendeu muito. Estou feliz por haver visto tudo que eu queria.
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