quinta-feira, 7 de junho de 2012

VIAJAR, OUTRA VEZ. BERLIN


De repente, aquelas palavras mágicas – mana, vamos viajar? Pra onde?  Ora, vamos para a Europa. Vamos a Alemanha, Rússia...
Huuuuum... estão vamos incluir mesmo o leste europeu. Hungria, República Tcheca, passando em Viena e terminamos em Paris.
Feito!
Simples assim.
Isso aconteceu em dezembro. Dois dias depois eu já tinha um esboço do roteiro, hotéis, preços... agora era só ver detalhes e concretizar. Melhor período: o de sempre – maio. Não pegaremos tanto frio, nem calor.
Vamos começar por Berlin. Moscou, São Petersburgo, Budapeste, Viena, Praga e Paris. Ih, pelas distâncias, precisamos de mais tempo. Mas são muitas coisas pra vermos. Então vamos escolher entre Moscou e São Petersburgo. O São Pedrinho foi sacrificado, por enquanto, pois precisa e merece um tempo exclusivo para se ver tudo da cidade.
Fechou!
Buscar os voos que fossem os mais convidativos ($$$$) e não nos deixassem muito tempo em aeroportos, hotéis com custo benefício dentro do nosso orçamento. Esse é o tipo de passatempo que gosto de ter.
Finalmente fechei toda a grade – cidades, tempo em cada uma, voos, hotéis e o que fazer. Agora era só partir para o abraço.
Nesse meio tempo comentei com a amiga Dagmar o projeto da viagem. Huuuuuuuum, de repente, convenceria ao marido em ir também, ou melhor ainda, ir conosco. Dali a pouco mais uma amiga – amiga da amiga – Teresa – também se assanhou e surgiu uma nova frente de viagem.
Vamos nos encontrar em Budapeste. Seja!
Foram 4 meses alinhavando, desenhando, cortando, costurando, bordando e pintando, deixando tudo redondinho.

SÃO PAULO - BERLIN – Encontro marcado com o  Carlos no aeroporto de  Guarulhos. Hora certinha, mesmo com meu voo atrasado meia hora, tempo  apenas para o encontro e entrar direto para o embarque. Como a TAM não tem voo direto, voamos até Frankfurt e de lá até Berlin, voo pela Air Berlin. Apenas um chá de cadeira de três horas no aeroporto, tempo gasto em deslocamento entre os terminais, um café de máquina muito gostoso e conversa fora.


Mas, estava tudo muito certinho e portanto, ficando monótono. Daí veio o toque que fez toda diferença na nossa chegada ao solo germânico.
Saímos da aeronave e vamos seguindo os demais passageiros, eu ia mais à frente e Carlos, com seu passo de urubu malando, um pouco mais atrás. Ia absorta com meus pensamentos quando ouvi o Carlos me chamando – mana, mana! Voltei e o vi ao lado de dois homens vestidos informalmente, jeans e tênis. Não deu outra. Carlão havia sido parado por policiais da imigração. Também pudera. Fora escolhido por seu perfil nórdico (do nordeste brasileiro, com cabeça chata) e seu porte elegante de cintura de ovo! Hahahaha. Corri em socorro ao mano que, como sempre, tenta falar com todo mundo em português, achando que as pessoas estão entendendo tuuuudin. Será mal da família? Kim também faz isso. Hahaha
Um dos policiais se identificou como sendo da Polícia Federal. Em um minuto nos tornamos amigos, colegas, companheiros, parceiros. Hihihihihi. Mesmo assim fiz questão de mostrar todas nossas reservas, passagens, cartões de crédito,  somos turistas... Resumindo, o policial sempre vai ao Brasil visitar amigos em Teresina e conhece nossa cidade natal. Pronto! Só faltou nos convidar pra ficar em Frankfurt!

Air Berlin  com voo lotado de executivos. Aeronave nova, bancos de couro e o melhor – serviram até sucos, refrigerantes, cerveja, batatinhas temperadas. Chegada em Berlin no horário certinho.
Como fazia parte do planejamento, seguido à risca, foi fácil localizar o guichê da empresa de ônibus expresso – TXL – que vai do aeroporto Tegel à Alexandre Platz, no centro de Berlin, com um precinho bem camaradinha – 2.80 euro a passagem. Um táxi nos trouxe até o EASY HOTEL, na Rosenthaler Strasse, 69, pela merreca de 5 euros. Surpresa pra mim, que havia lido que táxi em Berlin é caríssimo. Paguei sorrindo e ainda tive a informação de que o táxi do hotel até o Tegel fica em torno de 18 euros. Bom saber disso para quem anda com malas – como sempre – um tiquinho pesadinhas. Calma! Estou dentro do limite. Só não quero andar arrastando malas.
Uhuuuuuuuuu – o hotel da Easy Jet é uma gracinha. Recepção toda moderninha nas cores da empresa e fomos recebidos por uma recepcionista que fala português – Camilla – que nos deu ótimas dicas. A primeira providência foi comprar o Welcome Card que nos dará direito aos museus principais e todos tipos de transportes públicos. 34 euros cada um.
Ah, dica pra quem vem a Berlin e não quer gastar com o Adlon Hotel. O quartinho do Easy Jet hotel é bem funcional. Uma cama espaçosa, com lençóis e edredon gostosos, banheiro completo com uma ducha deliciosa, tudo limpo. Só o ar condicionado que não está funcionando no nosso APERTAmento. É, é bem apertadinho, mas nada que nos leve ao estado de claustrofobia. Hahahaha. O preço? Gente está óoootimo! 29 euros a diária para nós dois!!! Agora vocês não tem desculpas de não virem a Berlin.



Ao lado da recepção há um tipo de lanchonete que serve café da manhã, lanches, sucos, tortas e nas proximidades há vários mercadinhos, kebabs, comida chinesa, padarias (boutiques), bares, muita gente jovem se hospeda por aqui. Metro na esquina e tram na porta. Pertinho do centro e podemos fazer várias coisas a pé. Não poderíamos estar melhor localizados.
Falando em Berlin, estive aqui em mil novecentos e dom bolinha – 1975 – e na época, eu simplesmente DEEEEEEEEEE-TEEEEEEEEEES-TEI a cidade, o povo... ô povo rude, grosseiro, mal educado, azedo, casca grossa. Na época que queria ir embora de qualquer jeito, mas não havia voo. Vim a Berlin por influencia de duas comissárias da antiga VASP que conheci em Colônia (Klön). Ai, se arrependimento matasse. Cheguei a bloquear na minha memória o que vi por aqui. Só me lembrava da igreja bombardeada na guerra e nunca restaurada. A cidade se me afigurou, à época, muito amarga, ressentida, com uma energia pesada, uma atmosfera irrespirável.
Para minha surpresa, encontro agora uma cidade alegre, vibrante, ampla, limpa, colorida e – pasmem – muita gente simpática! Gostei do que vi de cara.
Mas estava cansada demais e depois de um banho simplesmente desmaiei.
Vamos acordar, vamos levantar, vamos bater perna. Aqui a gente dorme em euro! Cafezinho no hotel. Aliás, a primeira coisa que coloco na mala é o mergulhão e com ele temos nosso café assegurado. Na bagagem, capuccino.

Um reconhecimento da área pessoalmente, já que pelo Google conhecia os detalhes da vizinhança, a primeira compra – água.
Carlos havia deitado apenas para me esperar voltar do mercadinho. Que nada! Só acordou na manhã seguinte, todo mareado com o Jet lag  e 5 horas de diferença no fuso  horário.

Nosso primeiro compromisso era uma visita a uma amiga – NEFERTITI no Neues Museum. Os museus estão em uma ilha formada entre os rios Spree e Kupfergraben.
Fomos a pé mesmo aproveitando para conhecer a redondeza. Tem de tudo aqui perto. Passamos no  Market, percorremos trecho do cais do rio Spree, contornando a Catedral de Berlin que é enorme, dando de frente com o Museu de Artes o museu de frente na ilha dos museus. Logo atrás está o Neus.












Exibimos nosso Welcome Card e apenas deram uma espiada para conferir se estava validado. É que vc precisa passar numa estação de metro para validar o cartão na máquina ou usá-lo em algum ônibus ou tram.
Maraviiiiiiiiiiilha! Meus olhos brilham quando veem velharias históricas. E o acervo egípcio então... Pensem em pinto no lixo. Sou eu! Carlão atrás, olhando tudo sem grande interesse.















Epaaaaaaaaaaaa, isso seria uma Árvore da Vida egípcia?



Rodamos, rodamos, por fim me dirigi a um desses funcionários que ficam de butuca para que você não se veja tentado a fotografar usando flash (beleza, a gente pode fotografar tudo, ou QUASE tudo) e perguntei ao gentil senhor.
“Por favor, tenho um encontro marcado com uma amiga – NEFERTITI - e temo estar atrasada. Onde posso encontrar tão nobre dama?”
Ele não perdeu a esportiva.
“Perfeitamente, senhora. Os aposentos da rainha ficam no segundo andar, sala 210 norte. A senhora pode apanhar o elevador ao lado para chegar a tempo. Fica â direita do elevador.”
Bom humor é tudo!
E lá fomos nós elevador acima, seguindo as instruções. No caminho havia um jovem  pelado que chama a atenção de todos que por ali passam. Razão porque ele é destaque na sala bem iluminada pelo sol. Parei para uns dois dedos de prosa e umas fotos em vários ângulos, pois o mancebo é deveras interessante.


Mas, o melhor estava por vir. Lá no fundo de uma sala enorme, muitas pessoas aglomeradas e entre elas, mais acima das cabeças, pude vê-la. Ela, minha rainha muito amada.
Hipnotizada atravessei a sala que não tinha fim, torcendo para que a multidão à minha frente saísse. Eram apenas curiosos.

E fui me aproximando devagarinho, devagarinho, abrindo passagem entre o povaréu até parar diante da BELA QUE VEIO – NEFERTITI - Linda, Bela, maravilhosa, perfeita... Ela estava ali, impassível e ETERNA, com seu olhar sereno, pouco importando que o olho esquerdo tenha se perdido pelos milênios ou que o Tutmés não tenha terminado sua obra que o iguala aos neterus do Khemi.
Importava que eu estava ali, diante dela, a sempre BELA, serena a Rainha do Egito mais amada de Aton.

(Para não dizer que não tentei. Marcação cerrada para que não se fotografe).




Dentro de uma redoma de vidro, aproximei-me o máximo permitido. Reina um silêncio na sala que é só dela, como merece uma rainha. É o único lugar do museu onde não é permitido se fotografar como se fosse uma forma de fazer com que todos guardemos em nossas lembranças a magia desse momento. E fiquei ali, imóvel, deixando que as lágrimas de emoção rolassem pelo meu rosto, sem vergonha alguma de me emocionar diante dela – mais uma vez, como já o fizera no Museu do Cairo. E fiquei lá, observando cada milímetro daquele rosto perfeito, de traços nobres, finos, distintos, dos lábios sensuais, dos olhos repuxados e delineados com khol, a curva suave do nariz, a cabeça ostentando a coroa do Egito, o pescoço longo, os detalhes das joias.
O tempo parou. Parou no sol – Aton - nascendo em Amarna. O tempo parou nas orações a Aton a cada manhã. O tempo parou quando os lótus eram colhidos e me vi ajoelhada a calçar-lhe as delicadas sandálias...
O tempo parou...
A sala vizinha tem a maior parte dedicada à família real. Estátuas de Akhenaton e suas filhas, alguns esboços dos bustos de Nefer. A que me chamou a atenção foi o detalhe do pescoço do Akhenaton. Fotografei todos os detalhes.










Rainha Tii, mãe de Akhenaton



A família Real Solar brincando.


Fragmento do Palácio Real de Amarna


Princesa filha de Akhentaon e Nefertiti


Nefertiti




Depois de ver minha rainha e sua família, o restante do museu perdeu a graça, mesmo porque já eram duas horas da tarde e a barriga roncava. Sério. Por 4 horas esqueci totalmente de sede, de cansaço, de pés doendo... pois não é que a droga dos meus sapatos, companheiros de guerra nas viagens, resolveram apertar nos dedinhos e meus pés estavam em brasa? Mas eu nem percebia até então.
Saindo no Neues Museum, depois do almoço apanhamos o ônibus 100 pra irmos à Porta de Brandenburger, só que não percebemos a parada e atiramos no que vimos e matamos o que não vimos. Descemos no Reichstag. Uma fila quilométrica, mas o Carlos não se animou de entrar no Parlamento Alemão, menos ainda de subir escadas em espiral da cúpula. Na verdade eu queria ir na cúpula de vidro que, cá pra nós, não tem nada a ver com a arquitetura original do prédio. Fotinhas para registrar que estivemos onde o Adolfinho, e seu bigodinho, comandava multidões em uma guerra insana. Incrível como uma pessoa pequena, feia, doente pode enlouquecer milhões de outras que lhes são afins e promover um holocausto.
Imaginem se fosse ele fosse alemão de verdade, como não teria sido.





Cortamos caminho por dentro do parque e logo chegamos à parte de trás da Brandenburger Tor, na avenida 18 de março, que leva à estátua  da Vitória (Siegel).



Continuamos contornando o parque até o Memorial aos judeus mortos na Europa, constituído de blocos cinza, lembrando caixões, de vários tamanhos onde muitas pessoas, principalmente  jovens, acorrem. Alguns fazem poses para fotografias, outros usam os caixões para sentar e bater um papo. Apenas um senhor – observei – estava ali, em  silenciosa contemplação, talvez, como eu, horrorizado com a algazarra dos jovens que não demonstravam nenhum respeito.
De fato, o Memorial tem um ar de dor e pesar. Quer seja pela cor, pelo formato, pela monotonia, pelo impacto...




Ao meio de fotos, Carlos foi surpreendido por um segurança que, do nada surgiu atrás dele, exatamente quando afanava umas pinhas de um pinheiro ali plantado. Não me perguntem como o fantasma apareceu tão silencioso. Mesmo assim expressou sua admiração por uma foto que saquei de um ângulo inusitado.
Mais adiante nos deparamos com um grupo de brasileiros bem perdidinhos em Berlin. Conversa vai, conversa vem, eles são de Goiânia. Eita mundo pequeno! Mas essa turma chegou a Berlin sem nenhum planejamento, sem conhecer nada, sem haver pesquisado nada e nem sabia o que visitar.

Goianos perdidos em Berlin



Dei umas dicas de passeios e os encaminhei à pracinha ali próximo, onde se supõe, tenha sido o bunker do füher. E fomos nós também até lá. Há apenas uma placa com algumas fotos. A explicação dada é como se fosse um – mito – que o bunker fosse ali e não há outra indicação para evitar que os neo nazistas façam do local uma romaria. É uma pracinha como outra, só que, talvez, propositalmente, não é bem cuidada.



Andamos mais um pouco, passando por uma antiga fronteira de Berlin Oriental e Berlin Ocidental na Eberstrasser,  mas nosso destino agora era a Postdamer Platz, onde há o Sony Center, um tipo de shopping com espaço moderníssimo, com restaurantes, fonte, uma cobertura em forma de tenda  vem exótica.  E lá nos deixamos ficar por um bom tempo.





Saindo do Sony Center encontramos mais um pedaço do muro. Há muitos pedaços espalhados pela cidade.
Essa "decoração" ai feita nos pedaços do muro são pedaços de chicletes mascados. E a turma, curisa, passa a mão, pra sentir. hehehehe




Na volta, decidimos vir a pé até Brandenburger Tor, quem sabe esperar que as luzes acendessem, mas demorou demais para escurecer.
Paradinha básica para um sorvete Häange-Dazs.








 Olhem só quem eu encontrei ao passar pelo Tiergarten, ao lado da Ebertstrasser - Goeth. (ai, caramba! as  fotos teimam em ficar de lado)



 Fazer uma pit stop na Brandenburger Tor é uma festa. Vê-se de tudo. Palhaços, mímicos, bicicletas circulares para 6 pessoas, um escocês (ou falso) tocando gaita de fole, todo mundo vira fotógrafo, desfile de bar ambulante sobre rodas de bicicleta...


Deixem-me explicar. Alemão quer desculpa pra beber. Então inventa uma bicicleta com 8 pares de pedais, em forma de um bar, com um barril na frente e um passageiro de ciclista, conduzindo, os demais vou sentados à mesa, bebendo – de verdade – e pedalando. Só o folgado que vai na sela dos fundos que não pedala. Isso vira festa! Dei boas gargalhadas ao ver a engenhoca e a tropa paga alegremente pra pedalar, beber e desfilar pela avenida Unter den Liden. Tudo é farra!












As luzes da Brandenburger Tor acenderam, mas não era essa iluminação que pretendo para minhas fotos. Bem cansados, já quase 9 horas da noite e batendo perna desde as 9 da manhã, resolvemos voltar ao hotel. Nada que um bom e velho metrô não nos deixe a 50 metros de um banho e cama, ainda mais que o tempo virou e a noite esfriou em contra posição ao dia cheio de sol e muito calor.


Segundo dia em Berlin – é , porque quinta feira não contou. Chegamos à noite.
Logo cedo, num frio danado e chuva de molha bobo, corremos a um mercadinho aqui perto, comprar croissants para o nosso café – literalmente – na cama, pois é tão apertadinho que sentar mesmo só na cama. Mesmo porque não há cadeira. Não cabe. Hahahaha.
Nosso passeio inicial do dia foi ao Museu Pérgamo (Pergamonmuseum), o museu de arte mais visitado na Alemanha. Havia fila para entrar, mas como tínhamos o Welcome Card, passamos na frente. Eles nem conferem. Só dão uma olhada ligeira no ticket e pronto.

Gente, que é isso? Enoooorme e de cara a gente esbarra com todo templo de Pérgamo trasladado para dentro do museu! Com escadaria e tudo mais. É uma viagem no tempo e no espaço. Ali se encontram todos os deuses do panteão grego.

O Altar de Pérgamo retrata a batalha dos Gigantes, segundo o romano Lucius Ampelius. Era um monumental altar de Zeus. O mais fascinante é o friso ao redor da base, que retrata a luta dos deuses olímpicos contra os Titãs.











 Zeus, o grande deus dos deuses, venerado nesse altar.



 
Amei encontrar a titia Astréia lá grudadinha na parede. Horas vendo e fotografando cada detalhe e depois se maravilhar com aquele Santuário da titia Athina, em Pérgamo, ao lado da sala do Altar. Lindo, lindo!


 Do lado oposto, passa-se para, onde mesmo? Porque é igualzinho a frente da biblioteca de Celso, lá de Éfesos,  na Turquia. Sabem do que se trata?  Pois bem, é a " Porta do Mercado de Mileto, datada de cerca de 120 AD.  Quase 17m de altura e 29m de largura. Os elementos bem preservados do portão, que foram destruídas por um terremoto por volta do ano 1100, foram desenterrados por Theodor Wiegand durante as escavações do museu (1899-1913)".




  Tudo visto e tudo fotografado, seguindo o fluxo, óooooooooooooooooooh! Isthar Gate! A Porta de Isthar, trazida da Babilônia! Toda colorida, em tons de azul forte, com seus leões, touros, flores, cores fortes, brilhantes, em tijolos. Tudo enorme, alto, imponente.








Fiquei literalmente maluquinha! Mais maluqinha ao encontrar o titio Hamurábi e seu código. O primeiro código penal do mundo! Olho por olho. Dente por dente. Eita Hamurábi porreta! Cabra macho pra danar!



E seguem toda sorte de artefatos, murais com escrita cuneiforme, aspectos da vida na Babilônia, os deuses, os asuras....e aqueles deuses com uns reloginhos da hora?dizem que, na verdade, seriam representações de seres extra terrestres – uuui! E ô povinho belicoso! Todo  mundo armado até os dentes! Tem até maquetes de zigurates! E as esfinges com modelitos fashion, com as barbas frisadas, toucado e garras de leão? Ai, o imaginário!


 Ai, pessoal da Geometria Sagrada, olhem só o que eu encontrei no museu - representação da Flor da Vida!



http://www.youtube.com/watch?v=AB8zsBH1rP8&feature=player_embedded#!

Sério, a gente esquece até que está aqui, em Berlin, no mundo ocidental e atual. É, literalmente uma viagem no tempo – no túnel do tempo.
 Gente, meu irmão tem uma paciência de santo! Espera sentado que eu converse e tire foto  com todo mundo no museu. Esqueço de tudo. Mas hoje ele tirou foto com  o tio Hamurábi e seu código. Ontem foi a vez dele ficar todo pinto diante de pedaços do muro de Berlin.
Sinceramente: não sei quanto tempo ficamos lá dentro. Só sei que quando saímos a barriga roncava loucamente. Prividencialmente, ao lado do museus, acontecia uma feira de antiguidades e logo no início um quiosque de venda de salsicha com batata frita e ...claro, cerveja. Paramos ali mesmo.

Foi a vez do Carlão se esbaldar. Entramos em uma loja de antiguidades e depois percorremos a feira. Ele procurava uma cruz de ferro! Encontramos nessa feira e ele ficou suuuuuper feliz – jurando que é original – e ele comprou para o Alexandre. Foi a vez dele não só se esbaldar, como me explorar como intérprete.


Decidimos ir para a Alexanderplatz a pé, nos divertindo com o mundo de gente que desfila na Under den Liden. Os sinos da catedral tocavam alegremente e descobrimos que era em razão de um casamento. Eu, como sempre, INTROMETIDA, me convidei para o casório e me juntei aos fotógrafos de última hora, que fotografam os noivos na escadaria com todo o cortejo. Tudo é farra nesta cidade!


De barriga cheia e encomenda comprada, buscamos a Alexanderplatz onde, segundo informações, seria possível encontrar o fone do Charles em um shopping de eletrônicos – SATURN.
Nossa, nunca havia visto tantos eletrônicos em um lugar só. Outra vez o mundo do Carlão. Aproveitei para reforçar meu estoque de cartões de memória para as câmeras.
Legal foi atravessar a Alexanderplatz e ver como as pessoas ali vão para o nada a fazer ou apenas atravessar de um lado para o outro como se estivessem muito ocupadas.
Muitas pessoas olhavam pra cima. Claro, olhamos também. Eram uns doidos pulando do alto de um prédio, tipo queda livre. Afffffffffff!


E aquele shopping que tem na praça? Que que é aquilo? Galeria Kaufhof. Um luuuuuuuuuuxo só! Andares e mais andares só de coisas belas. Mas não conheciam o perfume que eu procurei – PATRA, da Klein.
Rodamos tudo aquilo até bater o cansaço e a melhor opção ser voltar ao hotel e tirar uma soneca. Queria muito ir até a Porta de Brandenburger fotografar à noite, mas quem foi que disse?  a chuva de molha bobo deixou?

olhem só quem encontramos lá na  Under den Liden. Um rapaz que canta pra caramba.


Ah, também contramos essa mocinha meio perdida na avenida. Tadinha. Tava numa parada de ônibus.


Jantar no “china da esquina”. Por aqui é cheio de bares, bristôs, padarias, hotéis, muitos jovens... Aliás, como esses jovens bebem!
De hoje para amanhã, de madrugada, acontecerá a super lua,  mas, infelizmente, aqui em Berlin, por causa da chuva, não poderei ver a lua. A lua de Wesak.
Vou me contentar com essa aqui, lá na Alexanderplatz.





DOMINGO 6 DE MAIO
Quando compramos o Welcome Card nos disseram que só poderíamos visitar um museu a cada dia e só 3 museus, pois compramos para 3 dias. Que nada! Hoje visitamos dois museus e ninguém perguntou ou se importou.
Foi a vez de visitarmos Alte Nationalgalerie e Altes Museum. No primeiro a entrada é deslumbrante e chama a atenção de cara para as esculturas perfeitas de Mercúrio e Psique (escultura de Reihnold Begas - 1831 - 1911), de um lado e do outro o tadinho do Prometeu (escultura de Eduard Müller).




Ao lado esquerdo da entrada, já nas escadarias, aquela donzela sentada em sua cadeira de Mármore, em sua lassidão ornada de rosas e heras... hummmm...





 e aquelas  duas princesas – Luise e Friederike da  Prússia (Johann Gottfried Schadow – 1797). Aliás, as esculturas desse museus são perfeitas.



Já as pinturas, confesso, vi muita coisa de muita gente que nunca ouvi falar ,as naqueeeeeeeeeeeeeela sala... ah, naquela sala foi como reencontrar velhos amigos, gente íntima – estavam lá Renoir, Degas, Monet, Manet e até Rodin com seu rapaz pensador (pensador ou seria.... ???? naquela posição. As vezes me surpreendo nessa mesma posição e de imediato penso em Rodin...hehehehe). Seria réplica ou mesmo a original? Vamos pesquisar.






Uma cena marcou a visita. Um pai com seu filho, visitando o museu. O pai explicava as obras ao atento rebento que, para não perder cada detalhe, fotografava-as. Pena que, quando atentei para a troca de amor pelas artes, não deu mais tempo de registrar em uma foto. Registre-se: Ambos usavam kipá.

 Mais fotos.
Achei lindinho Pan consolando Psiqué, depois da burrada que ela fez contra Eros. A curiosidade matou o gato, Psiqué.





A Galeria Nacional se dividiu em seis partes – Alte Nationalgalerie, inaugurada em 1876,
Saímos disparados para o Altes Museum. Só a fachada do prédio já impõe respeito, 1828, se não me engano. As esculturas em bronze que ladeiam a entrada são de um realismo ímpar.
Apresentamos nossos ticketes e ninguém os questionou, dando-nos acesso ao prédio. E lá fui eu toda saltitante já me deliciando com as primeiras esculturas de deuses gregos dispostos em nichos no salão de  forma circular e com uma abóboda que me lembrou o panteão de Roma (hoje transformado em igreja católica). Terá sido copiado? Não duvido. Quem era mesmo aquela grega com uma serpente enrolada no braço, ao lado do Asclépio? Não havia nome na estátua dela. Isso me deixou encafifada.








Atravessando esse salão, oooooh! Inúmeras esculturas gregas. Imaginem meus olhos, minha excitação, sem saber o que fotografar primeiro. Na verdade, saio fotografando tudo, quase que com medo de que o museu feche e eu não tenha tempo de registrar tudo. Só depois saio olhando e admirando uma por uma.






Não preciso dizer que o Carlos já procura logo um banco e se aboleta por lá,  cochilando até que eu termine minha exploração de todo recinto que, diga-se era enorme e repleto de obras.
Em um dos segmentos encontrei a titia Athina que estava liiiiinda com seu elmo e olhar aquilino, vigilante. Até o Xandão estava por lá, em vários modelitos. Diga-se, era uma mistura de gregos e... não não eram troianos, eram romanos mesmo. E outra mistura de romanos com etruscos que dava gosto de ver tudo.

Carlão se aventurou a dar uma espiada e voltou rindo por haver visto estátuas de um homenzinho pelado com um bilau enoooooooooorme. Bes, imaginei logo. Mas o que estaria Bes (deidade egípcia) fazendo ali? Encontrei as esculturas logo depois, mas não havia menção ao seu nome. Figurava apena como modelo de lamparina! Pois sim! Modelo de lamparina. Onde já se viu? Eram um monte de bilaus “voando”. Viria daí a expressão de caserna “ C-------- de asas”?



 Como assim?




Hora de passar para o segundo andar. Nova imensa coleção de peças, dessa vez, romanas.
Ao final foram 5 horas de museus e hora de alimentar nosso corpinho. Escolhemos o Nordsee, na Unter der Linden, onde o salmão foi a pedida. Diga-se – delicioso!

Hora de visitarmos a dona Vitória. Ali mesmo na Unter der Linden passa o ônibus 100 que vai até o Zoológico e para ao lado da dona Vitória. Descemos na parada da Grosser Stern e lá estava ela. Em cima de sua coluna, toda dourada, Nike. Senti-me imediatamente transportada para o início do filme Tão longe, tão perto (So far, so close) e até pude ouvir o U2 cantando So far, so close. Eita filme que me marcou. Assisti-o tantas vezes que o decorei.

So close




Fiquei lá fotografando Nike toda dourada de vários ângulos. Quando satisfeita, atravessamos parte do Tiergarten para apanharmos o ônibus 200 que nos levaria até a Wilhelmstrasse, no ponto mais perto do museu Topografia do Terror e do Check Point Charlie.
No museu vimos parte maior do muro de Berlin, um grande acervo sobre o horror, o crime contra a humanidade, documentos, fotos, filmes, exposição...




No Check Point Charlie, ponto mais procurado pelos turistas, há uma encenação constante de um posto de fronteira dos militares. Os pequenos museus que proliferam por ali, pelo pouco que vimos é apenas para ganhar dinheiro. Nenhum nos interessou historicamente.









Depois das fotos retornamos ao hotel bem cansados.
Tempo apenas para por os pés para cima e tão logo escureceu catei meus trecos e fui até a Brandenburger Tor. Fotografá-la à noite era preciso e valeu a pena. O metrô à noite, apesar de ser um domingo e movimento menor, havia muita gente na rua e nos metrôs, o que me deu uma certa segurança. Às 23 horas estava de volta ao hotel com as fotos que eu queria. Aquelas fotos de marcar o território.




Dia 7 de maio – Que bom que não está chovendo, apesar do friozinho. Saímos mais cedo, pois a programação de hoje incluía sair de Berlin e irmos ao Campo de concentração Sachsenhausen, que fica em Oranienburg. Apanhamos o U8 até a estação Gesundbrunnen e de lá o S1 até Oranienburg.
Até então nenhuma vez havíamos sido abordados pelos fiscais dos trens, metrôs ou ônibus, mas sabíamos que Oranienburg fica na zona C e, portanto, deveríamos pagar a diferença de tarifa (1,50 euro). Então, fomos abordados. Exibimos o Welcome Card e pagamos a diferença. Simples assim. E o fiscal só nos abordou por nos ouvir falando português.
Saindo da estação, apanhamos o ônibus 804, que nos levou até a entrada do Campo de Concentração, usando o mesmo ticket do trem.
O Campo está distante da estação uns 8 minutos de ônibus e a entrada é livre. Desde a recepção até a entrada do campo propriamente dita, anda-se uns 500 metros.




A princípio eu estava relutante em ir a um campo de concentração pela energia de dor, sofrimento, desespero, morte que reina no lugar,  mesmo depois de 67 anos. Os miasmas ficam impregnados no ambiente. Era um desejo do meu irmão em conhecer o local, o primeiro campo de concentração do regime nazista. Vale ressaltar que nosso pai gostava de ler tudo relativo à segunda guerra e o gosto pela História foi repassado a nós como herança.
Ao me aproximar da entrada principal do campo, as imagens que me vinham à mente eram as formadas na tela mental dos horrores relatados no livro Treblinka, lido há tantos anos, na minha adolescência. Acionei mentalmente minha merkabah, envolvendo nela meu irmão. Uma prece silenciosa e o pedido de permissão para uma visita eivada de respeito para com todos que sofreram e  padeceram naquele local.
Percorremos o campo levando sempre um pensamento de LUZ e perdão àquele ambiente. Dois locais no campo foram mais marcantes – a trincheira de execução, onde há, ainda, uma câmara de gás, onde coroas de flores e oferendas de flores são apostas por familiares, compatriotas, espíritos solidários. Na porta da câmera, duas janelas de vidro permitem ver o interior da câmara e acima da construção, duas chaminés (?)



No local, as paredes da vala são protegidas por toras de madeira, talvez para encobrir o sem número de marcas de balas no muro de fuzilamento. Abertamente ali ainda está o artefato para puxar a corda e os ganchos usados para as forcas, além de uma caixa que  prendia os pés do prisioneiro pelos tornozelos, ao ser executado.




Ao lado há uma construção moderna, tipo um memorial, que protege os horripilantes fornos de cremação, com suas bocas abertas, os tijolos calcinados, as pás para recolher as cinzas, as padiolas onde os próprios prisioneiros  carregavam os corpos de seus companheiros de infortúnio ou, talvez, de familiares para alimentar o fogo da sanha de mente coletiva totalmente malévola. Impossível imaginar que uma mente doente seja capaz de conceber tamanha barbaridade. Só uma mente malélova, sem qualquer traço de humanidade seria capaz de atos cujas palavras são sempre pobres para descrever o grau de sadismo.













O pior, sabem do mais? Muitas pessoas JURAM que nada disso aconteceu. Que o holocausto não aconteceu. Que tudo não passa de fruto da imaginação de meia dúzia de pessoas doentes, Que não passa de teoria da conspiração! Me poupem!
Comentei com meu irmão sobre as pessoas que moram vizinho ao campo. Como não são afetadas  pela energia, pelos miasmas do local? Eu me pergunto se não são pessoas que continuam ligadas ao sofrimento que ali passaram e não acordaram para a dimensão do tempo e espaço. É algo para se questionar. Por isso mesmo fiquei observando as pessoas que ali trabalham. Um limpando uma região com uma máquina de cortar grama. Uma mulher ajoelhada juntando ervas daninhas...
E mesmo ali, naquele solo cheio de dor, pequenas flores nascem. Pequenas flores dão seu simples colorido a tantas dores, a tantas lágrimas e para elas a ida tem mais força. Não importando o tamanho, ali estão celebrando a Vida!
Deixamos o campo silenciosos e pensativos. Pensativos na ironia da frase escrita no portão de entrada – O TRABALHO TORNA LIVRE!

Por um minuto perdemos o ônibus que nos levaria de volta à estação. Teríamos que esperar 50 minutos pelo próximo. Ou seja, só sairíamos dali às 12.50h. Ah, um táxi... mas de onde iria aparecer um táxi? Pois não é que havia um táxi atrás de nós e estava saindo de volta ao centro? Não contamos pipocas! Foi a nossa salvação, pois chegando à estação havia um trem que sairia em alguns minutos.

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