terça-feira, 6 de dezembro de 2011

KATHMANDU - NEPAL


Rindo aqui com os comentários de alguns amigos. Eu já sabia de alguma coisa da etiqueta porque tenho amigos indianos e os conheci exatamente quando chegaram ao Brasil. Hoje eles estão abrasileirados.
Mas há uma coisa que preciso contar pra vocês. Aqui eles não usam papel higiênico. Após o número 2, eles se lavam, com a mão esquerda. Isso, acontece que se lavam só com água. Já imaginaram? Acho que por isso que eles não costumam cumprimentar com aperto de mãos. Nos melhores hotéis, no McDonald, aonde quer que vc entre em um WC, está lá uma caneca e uma torneira de lado. 
Nem conto que nós trouxemos papel higiênico do Brasil. Já entramos em lugares que eram tão sujos que o xixi se recusou a sair. hahahaha

Mas acho que tudo vale a pena conhecer. Não penso em voltar a Índia. Por isso que fiz um roteiro englobando tudo que eu queria conhecer.

Mandala comemorativa do Diwali
Nesta noite - 26 de outubro - está sendo comemorado o Diwali. É também a festa da deusa Lakshmi. O festival das luzes. O Ano Novo indiano. Comemora também o retorno do Lord Rama de seu exílio de 14 anos e 22 dias nas florestas. É o retorno da Luz. Como no nosso Natal e Ano Novo, há troca de presentes.

A Índia está pegando FOGOS!, Isso, no plural. FOGOS para todos os lados, em todo país. As casas estão iluminadas com velas na entrada. Nem sei se conseguirei dormir, com tanto barulho. 

Ah, o período propício aos casamentos aqui na Índia, começa agora, com o Diwali e vai até junho, se não me engano. Depois disso, só em casos de extrema urgência, os casos excepcionais. Claro que essa regra é para os hindus.


Entrada da casa iluminada para o Diwali

Já arrumamos a mala com as roupas necessárias. Cedinho, às 5 horas da manhã, sairemos para Kathamandu, no Nepal. O teto do mundo!

KATHMANDU  
Chegamos ao aeroporto às 5.30 horas da manhã. Nosso voo sairá às 7.40 h.Tivemos tempo de explorar a parte internacional do aeroporto de Delhi. Super chique. Um contraste com Delhi.

Aeroporto de Delhi






Quando do embarque, uma passageira mais idosa passou por mim, sentada na poltrona do corredor. Pronto. Acabou meu dia. A mulher simplesmente fedia a cocô. Empestiou tudo e ai que entendi o fedor que se sente nas cidades indianas.  Já pensou? Só se lavam com água e o fedor fica se acumulando e impregnando em tudo. Ai, ninguém merece!
Fiquei incomodada todo o voo.

Ah, voamos pela empresa Spicejet. Avião novo, voo perfeito. Só o café que se paga. Uma merreca, e valeu porque estava bom mesmo.

De repente, ao longe, os picos nevados do Himalaia. Todo mundo procurando fotografar. Não perdi a oportunidade.
Cumes nevados do Himalaia


Gastamos um tempão no aeroporto na fila para obtenção do visto. Preenche-se os formulários, uma foto de passaporte e 25 dólares por pessoa. Visto para 15 dias. O processo passa por 3 funcionários da imigração, ali, na maior cara de pau, fazendo cera e a fila aumentando. Sem pressa alguma. Não tem nada mesmo para fazer.

Enquanto aguardávamos o desembaraçar da papelada, uma barata nepalesa resolveu nos dar as boas vindas, passeando pelo balcão de atendimento, para horror e gritos de uma turista que estava atrás de nós. Fez um escândalo por causa de uma baratinha de nada.

Localizamos nosso guia no meio de um batalhão de gente e saímos pelas ruas, passando pelo centro. Bom, até parece, eu disse PARECE que é mais limpa que as cidades da Índia e o trânsito, apesar de confuso, é mais tranquilo.
Que nada, Descobri depois que era feriado. 9 dias de festival de fim de ano  - Diwali.




O clima está bom. Temperado, mas no final da tarde, quando o sol descer, esfriará.

Kathmandu está em um vale.

O nosso hotel não é lá esses balaios, mas, considerando Kathmandu, está bom demais. Grand Hotel.




Na entrada, mandala em homenagem a Maha Lakshmi. Desde ontem aqui também se festeja o Diwali.

Resolvemos almoçar no hotel mesmo. Surpresa. No cardápio havia filé mignon. Resolvemos apostar no prato. Outra surpresa. Não é que veio um prato lindo, digno de uma foto, de filé mignon, com fritas pegando fogo, legumes cozidos ao ponto, coloridos, com azeitona e aspargo? Nem acreditamos! Não nos interessava o preço. Estava bom demais!
Vem a tia com a pergunta que não queria calar:
Como terá sido feito?
Kim, come aí e não pergunta. Melhor não saber.

Quando veio a conta...caraaaaaaaaca! Ok, eu pago. 2.700 rúpias!
Quando estávamos apanhando a chave na recepção, corre o garçon nos chamando. O maitre queria falar conosco. Era para nos devolver 1000 rúpias, pois o preço era em rúpias nepalesas! Caímos os queixos!

Como nossa programação aqui só começará amanhã, fomos explorar a "Champes Elisyeé" daqui. Fomos às compras. Não é que a tia comprou um saree por 12 dólares  e eu comprei um punjabi? Não compramos mais coisas com receio do peso, mas as minhocas estão aqui doidinhas. 

Vocês não vão acreditar. Sabe a mulher super fedida que vinha no voo para Kathmandu? Pois não é que ela está no mesmo hotel que nós e no mesmo andar?  E olha que a cidade nem é tão pequena. Só pode ser praga de madrinha!

Dia de conhecer KATHMANDU – Ninguém vai acreditar, (de novo), mas no café da manhã fomos surpreendidas com croissants. Não era aqueeeeeele croissant, mas quebrou o maior galho,  para quem está na seca por pão de verdade. O melhor do café do Grand Hotel é a omelete.

Exploramos a vizinhança. Havíamos visto algumas lojas por perto. Como está acontecendo o festival do fim do ano, serão NOVE dias de feriado. Na primeira loja em que entramos, por insistência de um indiano de cabelo vermelho, compramos 4 pashminas por 30 dólares. Achamos que o preço era justo. Achamos até entrar na loja vizinha e descobrir que a mesma pashmina ali custava a metade do preço.
Que raiva! Ficamos quase duas horas na loja negociando e escolhendo.
Gamei em uma tigela tibetana que tem o som de Om maaaaravilhoso.
Só de pensar no peso, fico doente. Mas não resisti. Elefantes esculpidos em madeira, blusas bordadas...
Quando saímos da loja, o sacana do indiano estava nos esperando a porta, insistindo para que voltássemos a sua loja. Mandei-o catar coquinho e chamei-o de desonesto. Os olhos dele não desgrudavam de nossas sacolas.

Às 13 horas o nosso guia veio nos apanhar. O primeiro local daqui a ser visitado, necessariamente tem que ser a principal praça daqui, a Dubar Square, onde Kathamandu começou. O nosso guia me disse uma piada. Só podia ser piada – a praça foi inspirada na Trafalgar Square, de Londres. hihihihihihi
O principal templo na praça é o Kasthamandap que, acreditam, tenha sido construído com a madeira de apenas uma árvore. (Me engana, que eu gosto!) No momento da visita, realizava-se um ritual, onde as irmãs pintam a testa dos irmãos com várias cores. Na verdade, é uma representação dos 7 chakras, terminando com uma chapuletada de uma massa vermelha na testa, representando o 7º chakra. Muita gente assistindo e outro tanto de estrangeiros fotografando.


Templo  Kasthamandap 

























Não preciso dizer que o centro de Kathmandu é muito sujo, confuso e uma bagunça. Vende-se de tudo por ali. Até um monte peixes fritos em algo muito preto. Não comeria aquilo por maior que fosse minha fome.
Normal!

A ironia é que, para se entrar no complexo que é o centro de Kathmandu, paga-se bem carinho. Acreditem, no ingresso vem escrito que o numerário será destinado à preservação e restauração do local, patrimônio da humanidade pela UNESCO. Uma ova! Sujeira de dar de pau. Pombos acertam os incautos com suas rajadas de coco. Uma turista ao nosso lado foi premiada duas vezes com o bombardeio de um pombo com dor de barriga.

Ao lado, o templo da vestal, da Kumari, caindo aos pedaços, imundo. Kumari é uma virgem de rara beleza que é tida como uma deusa encarnada. Tadinha, vive em seu palácio, digo, templo, sujo que só ele.
Sendo assim, não quero ser virgem, bonita, nem jovem. Ever!










É uma pena, pois os trabalhos ricos da madeira entalhada que adornam o templo, não só da Kumari, como todos os templos, são belíssimos e estão se deteriorando. Logo a humanidade perderá esse tesouro.

Dizem que Varanasi é a cidade de Shiva. Discordo! Aqui em Kathmandu encontra-se templos de Shiva para todos os lados e de todas as formas. Eita, Shivão! Que o diga o touro enorme que está na entrada do templo de Shiva, O Templo PASUPATINATH, onde só entram hindus.
O Templo PASUPATINATH


A programação da tarde incluiu uma visita a uma stupa, SWAY AMBHUNATH, de 2 mil anos, sendo a stupa mais antiga do Nepal.








Girando roda de orações













Pequenos estudantes (monges) brincando




Nos arredores e em toda área do templo os babuínos fazem a festa e ficam na maior sacanagem.
Flagrei um taradão que não dava sossego à pobre da companheira. Ela já nem ligava. Ficava lá,  passiva e ele com a cara mais sem vergonha, de dois em dois minutos atracava a pobrezinha. Safadenho!
Os monos ficam lá, se resfastelando. Quando começa uma briga entre eles, correm macacos de todos os lados. Ninguém quer saber quem está certo ou errado. Vale a pena entrar na briga só por farra. Gritos, sopapos e finalmente dispersam da mesma forma que chegaram. Cada um para seu próprio caminho. Eles andam entre as pessoas e não importunam, nem são importunados.

Mais um templo a visitar. São tantos nomes que o Tico e o Teco estão doidinhos. Muito dourado, muito vermelho, muita gente, muitos monges, todos moderninhos.

Kim não reclamou muito da demora porque o motorista tomou conta dela. Deu uma de babá e levou Kim às compras. Até deu pitaca nos modelos e colocou um colar nela. Quando voltei do templo, tia sabia tudo sobre a vida do motorista. Hahahaha.
Babá da Kim

Concluímos o dia com muitas compras. Comprei o que eu mais queria. Um casaco de seda bordado. Nem acreditei quando o nepalês disse o preço. Catei o casaco e paguei imediatamente e caí fora da loja, antes que ele dissesse que o preço estava errado.

Entramos em uma loja em frente à loja do indiano de cabelo vermelho, o safado que tem os preços mais elevados. Acreditam que ele nos viu e ficou insistindo para que entrássemos, na maior cara de pau? Não, seu preços são os mais caros!
Mas o engraçado foi observar que o nepalês concorrente, em frente, onde entramos e passamos um bom tempo escolhendo algumas peças, havia fechado uma porta. Sabem por que? Para que o indiano de cabelo vermelho, do outro lado da rua, não visse os clientes dentro da loja dele. hahahaha

Terceiro dia em Kathmandu – Nossa programação começou com uma visita a um complexo de templos onde está também o crematório. Nem preciso dizer que só havia templos de Shiva para todos os lados. A tia Kim até se aventurou a entrar em um dos templos e ficou indignada por não haver conservação. Na verdade, nesse templo, o prédio que rodeia é todo ocupado por idosos sem família, alimentados pelo governo. Vimos uma refeição sendo servida. Pelo jeito, era  uma papa de arroz.






O nosso guia – Many –  avisou que dali iríamos a um local onde passaríamos pelo crematório e a fumaça que víamos dali  é de uma cremação que estava acontecendo. Ele queria saber se a tia Kim iria conosco. Kim pescou o assunto e entendeu que havia um crematório por ali. VIXI MARIA! E fez o sinal da cruz. Aliás. Para tudo ela diz VIXI MARIA! 

Claro que a tia Kim não iria passar pelo crematório NEM MORTA! Quando chegamos próximo, expliquei a ela que iríamos a um templo, mas que o crematório estava no caminho, portanto, que ela nos esperasse ali, sentadinha. Não saísse dali. 
Atravessamos o rio onde já se via corpos sendo queimados. Os turista, incluive eu, fotografando. A morte exerce um fascínio sobre todos nós, pobres mortais. Eu havia dito que não iria fotografar. E lá estava eu fotografando. Corpos sendo cremados, Corpos sendo preparados. O rio não era sujo. De forma alguma. Era simplesmente IMUNDO! E as pessoas ali se lavando, se purificando (ironia) para poder dar prosseguimento aos rituais.



 O corpo de uma mulher estava sendo preparado. Embrulhado em panos vermelhos sobre um estrado e seus 4 filhos haviam tirado as roupas e as jogado ao rio, ficando apenas de camiseta e um calção. Sabíamos que eram os filhos porque eram os únicos com as pernas de fora.
 E os sadhus? São todos fake! Tudo de mentirinha. Os verdadeiros sadhus não vem as cidades. Eles vivem nas florestas. Esses daqui da cidade, vestem-se de sadhus para pedir dinheiro dos turistas que querem tirar fotos. Você passa e o sadhu diz “hello” . Se você responder, está ferrado. A artimanha é fingir que está fotografando outra coisa e incluir os danadinhos.
Dobrando uma esquina de templos, dei de cara com um “sadhu” falando ao celular moderninho. Quando ele viu que o flagrei ao celular, ficou todo errado e se elevantou. Correu para sua toca. Sadhu de meia e sapato? hahahahahaha

Fake Sadhus
Este falso sadhu estava falado ao celular. Ainda com o aparelho na mão

Nossa, que festa de falos. Eita, Shiva!

Havíamos deixado a Kim sentadinha em um dos lados do rio. Onde ela não veria as fogueiras de cremações. Nem corpos. Mil recomendação. Kim, fique aqui. Não saia daqui.
E adiantou? Quando voltamos, cadê a Kim? Era o lugar mais limpo. Procuramos ao redor e finalmente a encontramos. Estava calma, como se nada houvesse acontecido.
A curiosidade matou o gato. Pois bem. Kim ouviu alguém gritando, chorando. Nós também ouvimos do outro lado do rio, cerca de 30 metros do outro lado da ponte. Era familiar de algum dos mortos que estavam sendo preparados para a cremação. Mas Kim não se conteve e foi ver o que estava acontecendo, pode? Claro, foi matar a curiosidade e deu de cara com um fogueirão. Olhou, olhou e concluiu que só poderia ser alguém sendo cremado. Graaaaande!  A surpresa foi que ela não ficou abalada nem nada. Falou na maior naturalidade, justo a Kim que MORRE DE MEDO DE MORRER! Hahaha.

Para finalizar, o ponto alto – visitar a segunda maior stupa do mundo – BOUDDHANATH STUPA, centro do budismo tibetano no Nepal. Realmente é maraaaavilhosa! Representa Buda sentado e os elementos.


Adicionar legenda









A maior stupa está na Birmânia, hoje Myanmar. Visitamos outros 3 templos e um monastério, onde há pessoas de mundo todo estudando o budismo tibetano.



O mais importante foi ver alunos pintando mandalas, as Tankas.






 Não preciso dizer que a tia Kim havia ficado no carro e quando voltei ela estava trombuda. Puuuta dentro das calças.  Horrível ficar visitando tantas coisas com a Kim esperando. Deixei de ver muitos lugares para voltar logo pra ela não ficar zangada. Mas não adianta.
 Quer? Amanhã, quando chegarmos a Delhi compro outra passagem pra senhora ir direto para o Rio. Ai, caramba! Será que vai funcionar a ameaça outra vez?


Bom, matei a curiosidade sobre o Nepal. Super chique dizer: Fui ao Nepal. Mas concordo com uma coisa que nosso guia Many disse. O charme de vir ao Nepal não é ficar em Kathmandu. É fazer trilha, conhecer a vida nas montanhas. Imagina se tenho disposição e preparo para isso!






 Para encerrar a visita o Nepal, uma lua nova na nossa janela, sobre  os picos a oeste do vale.

2 comentários:

  1. Como sempre fotos maravilhosas, relatos deliciosos. Se exalasse o cheiro - seja la do que fosse - certamente nos sentiriamos lá com voces! rs
    Com tanto exotismo, templos que são trabalhos de arte maravilhosos, e preços tão convidativos, é uma pena que a sujeira e a pobreza provoquem uma certa resisitencia ao viajante mais precavido...
    Ótimo e divertido relato, Fran!
    Bjao

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