“Shiva ficou alarmado, de repente, quando sentiu a mão de
alguém roçar de leve suas nádegas. Virou-se num movimento rápido e viu uma
jovem lhe sorrir e piscar. Antes que pudesse reagir, viu uma mulher bem mais
velha, andando logo atrás da primeira. Pensando que devesse ser a mãe da jovem,
decidiu deixar a indiscrição passar por medo de causar qualquer
constrangimento. Ao olhar para frente outra vez, sentiu a mão nas nádegas
novamente, desta vez mais insistente e agressiva, e quando se virou, ficou
chocado por encontrar a a mulher mais
velha sorrindo para ele com sensualidade. Consternado, Shiva correu pela rua,
escapando do mercado antes que qualquer outro avanço pudesse destruir por completo
a sua compostura”.
.
Essa é a forma descontraída, jocosa, gostosa que Amish escreve
sobre Lord Shiva, em "Os
Imortais de Meluha".
Lord Shiva é recriado com uma roupagem bem humana. Um ser
com dores, com pesadelos, carregando uma grande culpa. Um ser que chora, sofre,
sonha, enamora-se, dança, pragueja, amaldiçoa, abençoa, celebra a vida e vive a
morte na guerra. Acima de tudo, é alguém que procura melhorar como ser humano,
cuja divinização não o leva a se afastar do mundo terreno.
Amish Tripathi dá um novo colorido a Lord Shiva, amalgamando
mito, religião, crença, guerra, amor, ambição, erros e acertos, reinventado uma
antiga forma de falar dos deuses como um de nós, tão próximo e tão longe que
faz com que sintamos que cada um de nós pode, um dia, alcançar o estado de divindade.
"Os Imortais de Meluha" é uma leitura que faz cantar nossos corações.
Fran Hardy