Adoro
falar de mitologia como sendo uma fofoca. Quem assiste às minhas aulas sabe
disso. Acho que é uma forma bem humorada de transmitir um conhecimento mais
complicado. Como falo muita besteira, as pessoas prestam a atenção aos fatos
narrados, fica mais fácil de assimilar e ainda se divertem. Não é que eu falte
com o devido respeito aos divinos seres envolvidos na trama fofoquística.
Hahahaha
Então,
Shivão anda preenchendo muito meus pensamentos. Sim, Shivão! Eu me dou ao
direito de ter essa intimidade toda com ele. Até ganhei um lindo lótus
diretamente de seu lingam, no templo de Varanasi. Ué, por que não posso ganhar
um lótus do bilau do Shiva? Eu também sou filha de deuses, entre eles, Shiva
(Om namah Shivaya!)
Tá,
todo mundo acha que ele é descrito como irascível, intocável...
É,
melhor não provocar muito o tio – se ele perder a paciência, você estará
literalmente lascado. Isso se não perder sua linda cabecinha decepada pelo
terrível trishula, aquele tridentão que ele usa para eliminar a nossa
ignorância.
E
lá vem Shivão com sua cabeleira ao vento, agitando o tamborzinho chamado
damaru. É com o som do damaru que Shiva marca o ritmo do universo e o compasso
de sua dança. No topo de sua cabeça, tangosa, um jorro de água que representa o
rio Ganges. Já já eu falo do assanhamento da Ganga. Menina atirada!
Ah,
há mais um habitante na divina cabeça. Chandra. O deus da lua. Mas essa é uma
longa estória. Sem contar que Shiva usa seus cachos também para materializar
algumas de suas várias formas, como, por exemplo, Veerdrabha.
Espero
que ele não se zangue comigo e até dê umas boas gargalhadas.
Creio
que para nós, ocidentais, torna-se meio complicado entender toda trama dos
deuses hindus. Eu me confesso uma leiga, e estou mergulhando nisso de curiosa e
fico fascinada. Shivão andou jogando uma bola de fogo no Indra, que sempre faz besteira, e como tem que dar um destino a essa energia não tão bem qualificada, joga-a no mar e dela nasce e um filho, que se torna um lado
obscuro – o Jalandhar, que vai lhe dar muitas
dores de cabeça, a começar por raptar a mulher do próximo. Mas é um
grande perigo raptar a mulher do próximo quando o próximo é alguém que não tem
pavio – Shiva!
Jalandhar seria
o lado obscuro de Shiva. Para dar uma lição em Indradev, Shiva, irado, cria uma bola de fogo que irá consumir Indra. O guru dos devas suplica o perdão de Shiva e o obtém. Mas, e agora, o que fazer com essa terrível energia? Shiva não poderia reabsorvê-la. Só o mar poderia receber essa energia negativa. E assim foi. A bola de fogo foi atirada ao mar e dela nasceu Jalandhar, que o foi recolhido pelo deus do oceano - Samudra - e dado à sereia Shambhavi que o criou como filho. O nome Jalandhar foi dado por Brahma. Indra, temendo a energia de Jalandhar, fez mais uma de suas trapaças - tentou matar o menino, mas Shambhavi se interpôs e morreu pela arma de Indra. Jalandhar foi
criado pelo sábio dos asuras – Shukracharya.
Jalandhar não é
de todo mau, mas há alguma coisa a ser resolvida com o poderoso papis.
Muita briga vai rolar entre os dois.
Uma coisa que
eu nunca havia entendido. Por que o filhote fofucho de Shiva e Parvati tinha a
cabeça de elefante.
Né que o
pirralho fazendo a segurança da mamis que tomava banho, irritou papis que
chegava de longe atirando uma grande clava para atingi-lo mesmo, em defesa da
mamis? Audácia do fedelho e papis mostrou ao moleque quem mandava nas
paradinhas. Deu-lhe uma lição a ferro e afogo – literalmente. O terrível
trishula atirado contra o moleque mal educado, (mas bem mandado), arrancou-lhe a
gorducha cabecinha que voou pra longe, não sendo encontrada. Solução dada
pelo titio Brahma – coloque a cabecinha do primeiro animal que encontrar. E
qual foi o animal?
Imaginem as
cenas. Mamis louca de raiva e dor. Papis feito barata tonta depois do acesso de
raiva da cara metade que se transforma em Kali e sai destruindo tudo, arretada
que só ela.
Outros
registros sagrados dizem que Shiva se arrependeu. E como não fazê-lo diante da
dor e raiva de Parvati? Ele não era nem louco, meu! e manda buscar a primeira
cabeça que encontrassem virada para o norte. Só encontram um elefante que
estava morrendo. Vai essa mesma. E ressuscita o gorduchinho.
Detalhe tão meigo -
A presa quebrada de Ganesha, assemelha-se
a uma caneta na mão inferior direita, é um símbolo de sacrifício, que ele
quebrou para escrever o Mahabharata
.
Enfim... é, já
não se faz mais papis como antigamente. Agora com esse negócio de não poder dar
uma palmadinha, quantos tiranos estão sendo criados.
Mas, afinal,
Parvati não havia sido amaldiçoada pela Radi que ela não teria filho de seu
útero? Como eu disse, os hindus arrumam muitas estorinhas para explicar as
manhas dos deuses.
Algumas
escrituras, entre elas Shiva Purana, dizem que Ganesha era... normal. Uma forma
de criança, criada por Parvati, com uma pasta de sândalo e açafrão para vigiar
o seu local de banho. Parvati passou a ter o menino como filho. O menino não
conhecia papis Shiva, que estava fora em guerra, e não permitiu que o marido se
achegasse à esposa. Ai o pau cantou.
E mais – até
agora só se sabia de Ganesha. Mas existe citação de uma filha do casal
Shiva/Parvati - Ashok Sundari Será que não registraram a filhota? É de grátis, gente. É só
levar o papelzinho do SUS no cartório e dar nome ao rebento. Hehehe
Gente, sou
invocada com aquela serpente enroscada no lindo pescocinho do Shivão. Tá lá, a
bichona, durona. Quem ser?
Well, contam
que Shiva voltou de um longo período de meditação – ele é o bam bam bam do
Yoga, né? Viu todos os seres, todos bonitinhos, mas as serpentes se escondiam e
ele quis saber por quê.
Ó Senhor da
Piedade! - queixou-se tristemente Takshaka, o rei das serpentes. - Ninguém nos
quer; absolutamente ninguém! Homens e animais procuram sempre nos matar! Não há
em todo o reino deste mundo, criatura mais desditosa que o réptil...
Ops... mas Takshaka não é a cobrona que ataca Arjun em Mahabharat, atirada pelo arco de Karn? Sou mais a versão mais aceita de que a cobrona é Vasuki. Fica o Vasuki mesmo, aquele mesmo que foi perseguido por Garuda, a águia, o veículo de Vishnu.
Titio Shiva
tomou-o sob sua proteção. Algumas cobrinhas mais assanhadas se enroscaram logo
pelo corpão de Shiva.Até eu que sou bobinha, faria o mesmo se tivesse oportunidade.
Para o povo
mais estudado, nem preciso dizer que essa serpente ai representa Maha
Kundalini. Pronto, falei!
E a inocência
do tio? Gente, ele é tão inocente. E por isso se mete em cada enrascada! Muitos
devotos se aproveitam dele e pedem coisas que ele não pode negar, mesmo em
prejuízo próprio. Onde já se viu?
Quando Shiva se
mandou pra casa dos pais de Parvati pra celebrar seu casório, lá chegou todo
cheio de cinza. A cabeleira estava cinza só. O rosto desfigurado de tanta
cinza. Em suma, estava com uma aparência terrível, tão feio, mas tão feio que
nem eu me casaria com ele. Estava parecendo o cão comendo mariola, à meia noite,
de óculos escuro. Mas, para ele, ele era o noivo mais bonito do universo. Se
não fosse uma ajudazinha do Vivi –
ooooops, Lord Vishnu que, por sinal, se saiu muito bem em seu papel de
estilista e deixou o noivo nos trinques – vestido de Chandrashakara... Um
luuuuuuuuuuxo! Nem teria tido casório.
Vamos lá. Como
Shiva criou os mundos. Sim, ele também cria mundos com sua dança. Shivão é um
tremendo pé de valsa. Como dançarino cósmico, ele é Natajara. Sua dança simboliza
esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclos intermináveis
como base da existência. Shiva dançando,
envia através da matéria inerte ondas vibratórias do som que desperta e a
matéria também dança. É o grande processo rítmico de criação e destruição, de
morte e renascimento. Fico irritada dele ser reportado apenas como o Destruidor.
Nécas! Quando ele dança, hummmm... sai de baixo.
Entre tantas
explicações, escolho essa mais , digamos, prazeirosa.
Contou-me um
sábio, nesses conhecimentos que são transmitidos de boca a ouvido, que estava
Shiva em cópula com sua amada Shakti, uma trepadinha que já durava mil anos
naquele rala e rola, no vuc vuc, quando os empata phooddaa vieram atrapalhar a
trepadinha divinal, chamando Mahadeva para acudir, pois os asuras (demônios)
estavam tocando o maior horror no mundo, destruindo tudo. Shivão ficou muito
puuuuuuto, e com razão, com a interrupção de seu esporte favorito e retirou seu
potente lingam (nominho hindu para bilau), da sagrada yoni, (nominho pra xoxota
da Shakti), no momento exato de dizer ó, céus, ó, glóoooooooooria! Niki
fez isso, ainda bem que sua saia de tigre estava levantada, seu gozo celestial
se esparramou pra todos os lados, formando estrelas, planetas, mundos, o
escambau! Imagino essa gozada falomenal como Copacabana à meia noite na passagem de ano, para pobre
imaginação humana, elevada a fantastilhões de zero como potência, apenas como
ilustração para minha mente pequena.
Se Shivão ficou
puto com a interrupção, imagino Shakti. Depois de mil anos ali no maior
desempenho, ter que tomar um banho de assento por uns séculos e colocar uma
meia sola em sua divina ... yoni, né? Frustrante. Eu, se fosse Shivão, teria
decapitado todos os empata phooddaa. Ôxi!
Ai vocês me
perguntam... como assim? Shakti? Mas não dizem as más línguas que Shivão não
consumou o casório? Ih, que inocência essa de vocês. Acham mesmo que as
divindades ligadas e responsáveis por levantar a cobra, ops, a Kundalini, forma
da energia de Shakti, iam ficar só olhando um pro outro? Me poupem!
E por que era
Shakti e não Parvati? Atentem bem nisso. Shakti é a forma de energia que reside
no último ossinho do nosso rabichó, conhecido como cócxi, formado por 5
ossinhos coladinhos, soldadinhos. A energia de Shakti fica lá, enroladinha,
dormindo. Quando acordada pela paixão ígnea de Shiva, fica toda assanhada.
ÉEEEEEEEEE! Ai, meu bem, esse dois juntos tocam fogo no mundo e a gente pede pra
se acabar.
Ò,
glóoooooooooooooooria! Ó, céus! Não é à toda que Shiva e Shakti são
representados lá, ó, assim... Shiva lingam, símbolo da eterna criação, do fogo sagrado, do
nascimento, da eterna roda.
Ah, lembram que falei da Ganga? Menina assanhada. Ao se ver cara a cara com os pernões do Shiva, caiu de amores, agradou, bajulou o viúvo, diga-se de passagem - na maior cara de pau - passou óleo de peroba no cara e pediu o Shivão em casamento. Tadinha. Fiquei até com peninha dela. Levou um sonoro não. Mas, sabem como é, mulher magoada... A menina Ganga esperou pacientemente. Na primeira oportunidade, mandou ver - exigiu ocupar a cabeça do então cunhado. Pois é. Pra ver como é mundo e os intrincados caminhos dos deuses. Ganguinha, quando precisaram dela, exigiu cair na cabeça do seu amor reprimido e que havia se tornado seu divino cunhado. KKKKKKKKKKKKKKKKK
Om namah
Shivaya!
Ahh então a fofoca era essa... eu também achei o assanhamento da moça muito grande, mas o Shiva até que gostou da personalidade da menina, e lhe concedeu a graça da pureza eterna, por isso as suas águas são sagradas até hoje. Cá pra nós Fran, com um Shiva desses, até eu que sou mais boba, iria fazer uma proposta atrevida como essa, já imaginou? Lógico que sempre que ele voltasse do terreno funeral, eu o ajudaria a tomar um banho para tirar aquelas cinzas rsrsrs.... Depois disso, seria só amor...
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