segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

ATUALIZANDO O BLOG

Resolvi atualizar o blog. Acontece que eu não publiquei as peripécias nas demais cidades indianas que visitei em 2011. Resolvi postá-las agora, pois dentro de duas semanas retornarei à Índia e virão novos relatos. Quero, futuramente, fazer uma comparação entre minha nova visão da cultura e a sentida naquela época.
Obviamente minha companheira daquela viagem - minha querida tia Kim - foi para o Oriente Eterno e a próxima viagem terei como companheiros, além das minhas filhas, Iohannah e Lakshmi, 3 outros amigos: Adriana Azevedo, Marcello Dantas e Délcio.
Terei tantas estórias hilárias para contar?
Então, vamos aos relatos sobre Amritsar, Aurangabad e Mumbai.
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DE KATMANDU PARA DELHI E SEJA O QUE OS DEUSES QUISEREM

Nosso voo de Kathmandu para Delhi atrasou. Voo lotado. Dessa vez aeronave não é tão nova, mas irritante foi passar por 3 revistas pessoais entre ingressar na área de embarque até a aeronave. As policiais mexem em tudo e a vizinha, se cismar, faz tudo de novo. Irritante. Alegam ser por segurança. Quem vai querer soltar bomba no Nepal? Não tem nada pra acabar mesmo! Pra mim não passa de paranoia. Querem mostrar serviço e dizer que a segurança lá é 10! Nem em Paris ou Londres, nem mesmo Tel Aviv, passei por uma segurança dessas, mesmo porque a revista é super falha! É só encheção de saco mesmo!
Himalaias


Naeem Khan nos esperava no aeroporto. Depois do check in, fomos bater perna nas redondezas que, na verdade, é um mercado, pelo menos chamam assim. Krishna Market. Muitas lojas e tentações. Havíamos visto um KFC de verdade e fomos lá comer uma penosa. Na volta, caímos na tentação. Compras e compras. Inclusive uma mala nova.

Acho que o Regent Continental Hotel nos deu o pior e menor quarto. Kim reclamou a noite toda. Eu apaguei e não ouvi nada. Segundo a tia, passou a noite na cadeira porque tinha um bicho andando na cama dela. E também o ar condicionado estava muito frio. E haja reclamação. Ora, era só ter desligado o ar e chamado o “house keeping” pra trocar os lençóis. Tudo eu, tudo eu? 
E fica trombuda! E continua a reclamar do café da manhã.
Meu saquinho de filó!

Check out e fazer hora esperando Naeem Khan para nos levar a estação de trem. Fomos até os correios, tentar enviar uns livros para o Brasil, para aliviar o peso. Descobri que fica mais barato levar comigo de avião, que enviar pelos correios.  Além disso, pelos correios, se chegassem, demorariam pelo menos um mês.

Se conseguirmos enviar nossas malas direto para Mumbai, será o paraíso. Estão pesadíssimas.

No caminho até a agência dos correios, passamos por um “restaurante” a céu aberto. Em plena calçada, no chão mesmo, o “cozinheiro” cortava o que seria carne ou coisa assim, talvez carneiro. Sim, cortava direto no chão da rua, sem uma táboa, nadica. Haja estômago de avestruz.



Hora de seguir adiante. Vamos para Amritsar no trem das 16.30 h. Serão 6 horas de viagem.
Eu havia pedido ao Gaurav que queria viajar de trem. Mas era só um trecho. Ele exagerou!
Começou o drama. A sazinha que chegou primeiro se aboletou na Janela que é nossa. Imagina! Queria que trocássemos de lugar. Nem morta que Kim abre mão da janela. Sobrou pra mim que fiquei na cadeira do meio, espremida que só uma sardinha em lata. E o pior. A sazinha não sabe o que é banho e nem desodorante, de preferência sem cheiro. Socoooooooooorro! Ela acabou de levantar o braço e ai me mata de sovaqueira. Eu mereço!
Não bastasse ontem vir  de sardinha no voo de Kathmandu pra Delhi, com uma pentelha ao meu lado que não parava um segundo. A curica parecia que tinha pulga na roupa. E ainda punha os pés na cadeira.
O trem saiu da estação e passamos pelo subúrbio de Delhi. Quanta sujeira, quanta pobreza.
Estou chegando a um ponto que isso já não me incomoda. É a normose.

Mas vamos dizer alguma coisa sobre Amritsar. É a cidade sagrada dos sihks, onde tem o Templo Dourado e de lá iremos até a fronteira da Índia com o Paquistão, onde, todas as tardes há a cerimônia do fechamento da fronteira.

Serviram jantar, mas devolvemos intacto porque a comida é muito apimentada. Contentamo-nos com o café que foi servido, suquinho e uns engana-trouxa.

Chegamos às 22.35 h em Amritsar. Um guia, Heri, e um motorista sikh, bonito no seu turbante vermelho, parecia um deputado, como diz a Kim, aguardavam-nos na estação.
 No hotel, como todos da Índia, cheio de  luzes e estava acontecendo uma festa de casamento. As comadrezinhas convidadas aproveitavam para passear de elevador. Cada modelo que faria o Clodovil levantar de sua tumba.  A molecada se esbaldando. O  sonzão comendo de esmola.

Ainda bem que nosso apartamento é do outro lado do salão de festas.

Ai, caceta, que hotelzinho safado! Outra bela viola. Mas estamos tão cansadas que tudo que queremos é um banho.

Agora vem a novela das boas-vindas que já conhecemos. Estamos ficando macacas velhas. Na recepção um rapaz mal vestido, sujo até, passou a mão na nossa chave e nas malas. Catei tudo da mão dele. Juro. Imaginei que fosse alguém da rua querendo uma gorjeta e ali estava pra levar nossa bagagem. Confusão! Não é que o rapaz é empregado do hotel? Como eu ia saber se até agora, onde fomos, todos os empregados dos hotéis usavam uniforme? Oh, mico. Rsrsrsrs

Tem mais. Chegamos ao quarto e começou uma romaria de empregados. Um trouxe as toalhas. Dali a pouco, outro trouxe papel higiênico, que fui pedir na recepção. Mais um – veio trazer água gelada.
Todos querendo gorjeta. PQP!

O melhor de tudo – para acender as luzes, tinha que colocar a chave na ignição. Ok. Mas toda vez que vinha um empregado trazer algo, como havíamos fechado a porta, tínhamos que retirar a chave da ignição e tudo apagava. Ou seja, atendíamos o povo no escuro. Coisa de indiano. Vá lá saber!

Inspeção no banheiro. Totalmente reprovado. Sujo pra cacete. Fotografei tudo. Improvisamos uma limpeza para nosso uso. Aqui, quem trabalha fora são os homens. As mulheres cuidam de casa.


Deitar é tudo que queremos, mas... que diabo é isso? Que sujo estranho e escuro, oleoso, bem no meio do lençol é esse? Aaaah, neeeeeeeeeeeem. Não dá, né?
Vesti-me novamente e fui  à recepção. Não pedi. Ordenei que trocassem os lençóis. Imagina se vou dormir em lençóis usados para lua de mel. Era uma mancha de vaselina ou coisa assim, uma coisa oleosa... só que preta! Um horror . Nojento mesmo.

Correu um senhorzinho para trocar e depois ficou de pé esperando a gorjeta. Não fez mais do que a obrigação. Obrigada, obrigada e o pus para fora do quarto.

Às 10.30 h nosso guia Heri chegou. Começamos o dia com a visita ao Templo Dourado. Deixar os sapatos, meias... ir a pé, descalça, passando por poças de água para lavar os pés, onde todos que ali estavam haviam “lavado os pés”. Tivemos que fazer isso também. Ai, paranoia. Comecei a sentir meus pés coçando.

Oh, maravilha, a primeira visão do Templo Dourado! Emocionante!
Pasmem. A tia Kim que relutou em ir aos templos, decidiu entrar no Templo Dourado e ficou maravilhada com a beleza e limpeza do lugar.

Para ingressar no recinto, temos que cobrir a cabeça. Como eu já sabia, levamos lenços conosco.






Ficamos na fila de ingresso ao templo em silêncio. Meditação. Pena que nossa visita ao interior do Templo Dourado tenha sido tão rápida e não se pode fotografar. Mas, para não fugir à tradição, uma fotinha de mais de perto... escondidinha.


Não tem como descrever a riqueza que é o  Templo Dourado. Por fora é decorado como o Taj Mahal, com o mármore encravado com pedras semi preciosas. Uma equipe trabalhava na limpeza externa das paredes e vários homens trabalhavam, acocorados, limpando os entalhes em mármore, com lixa.

Também por dentro, o ouro resplandece. Luzes, espelhos, grupo cantando kirtans, devotos sentados no chão em meditação, outros rezando. Bonito e dourado sem agredir muito o bom gosto.

Fotografamos o que pudemos.

Dar uma volta completa no recinto do Templo Dourado leva tempo. Visitamos a cozinha onde há um serviço comunitário e qualquer pessoa, independente de credo, raça, status social, pode se alimentar. Tudo de uma limpeza impecável.
Eu só não experimentei dos alimentos com medo de serem apimentados demais. E com certeza era.


Os homens tomam banho no lago sagrado - na verdade é uma grande piscina e consideram as águas sagradas. A água provem dos rios considerados sagrados na Índia.
Engraçado, não vi nenhuma mulher tomando banho ou algo do gênero.






Pela programação, a visita seguinte  é a um parque- Jallianwala Bagh - onde se homenageia os mártires indianos que foram fuzilados a mando do governador britânico, quando faziam uma manifestação pela independência.



Passagem rapidinha no Templo de Durga (Shri Durgiana Temple). Fomos de "rickshaw" (bicicleta com uma carroceria ). A graça ficou por conta da tia Kim. Ela não acertava subir na carruagem adaptada a uma bicicleta. Hilário!



Que diferença. No templo tudo é sujo e cheio de moscas. E ter que entrar e atravessar tudo descalça... Vamos lá, em nome da aventura e da curiosidade. Tudo é Índia. Só Maa Durga na causa!
Mas... eeeeeeepa, eu já vi essa cena representada antes, só que quem lava os pés dos seus discípulos é outro Mestre, digamos, mais atual (Jesus) e não Lord Krishna. Como assim? então tudo foi MESMO copiado?
E, claro, imaginem quem mais eu encontrei no templo. Sim, Shiva! Ele está em todos os lugares. Esse em prata é um alto relevo de uma porta do templo.





Paradinha para abastecimento. Como sempre, e isso me irrita, os indianos teimam em mudar o pedido que fazemos  no almoço. Mas não temos muito tempo para discutir e devolver o pedido. Vai esse mesmo. Veio cheio de pimenta. Mandamos empacotar e demos para o motorista.

Rumamos para a fronteira da Índia com o Paquistão.  Todas as tardes ocorre a cerimônia de fechamento das fronteiras. Milhares de pessoas, indianos e paquistaneses, turistas, estrangeiros, todo mundo vai lá para assistir.
Tia Kim desistiu de ir até a fronteira, pois teria que andar uns 500 metros no meio de uma multidão que levantava a maior poeira.
Passamos por um arremedo de revista pessoal, em uma câmara improvisada com tela de plástico, onde uma policial finge que nos revista.


Seguindo as orientações do guia, dirigi-me ao setor VIP. Isso. Os estrangeiros apresentam o passaporte e têm acesso a uma ala VIP para assistir à cerimônia. Até encontrei uma brasileira, de Curitiba.
Ah, de VIP é só nome. Senta mesmo na arquibancada de cimento.


É hilário! Cada lado grita mais alto e vaia o outro. Os militares que participam executam um tipo de balé. As assistências vão ao delírio e incentivam com gritos, palmas, aclamações. Dançam na avenida, cantam, participam. Eu não poderia perder isso por nada deste mundo.
Fui lá e gritei junto, aplaudi, fotografei, cantei Chak De Índia! Cantei Jay Ho... Foi bom demais.

A poeira come de esmola.


Como eu queria fotografar o Templo Dourado a noite, escorreguei um dindin para o motorista e voltamos ao Templo. Corri feito doida para ir  lá sozinha, porque ele estacionou longe e a tia Kim não irá me acompanhar.

Detesto fotografar às carreiras, mas era melhor assim do que não tentar fotografar à noite. Tomara que tenham escapado algumas fotos, porque fotografar à noite sem tripé e soooooda!

E fotografar às pressas para que a Kim não fique brava, é soda como dizia o Fócrates!

Ainda encontrei um guarda dentro do Templo que me parou e haja a falar em híndi. Em inglês, por favor.

De onde você vem? Brasil? Aaaaaaah, eu aaaaaaaaaaaamo o Brasil. E levou 10 minutos fazendo mil recomendações de segurança para eu tomar.  Finalmente me deu passe livre e corri adoidada, mas com cuidado porque o mármore molhado é um perigo.

Gente, o Templo Dourado à noite fica ainda mais bonito, como se fosse possível ser mais do que é. E ainda havia uma lua nova em cima. Divino!



Nosso dia em Amritsar rendeu muito. Estou feliz por haver visto tudo que eu queria.


Dia 2 de novembro – Deixamos o hotel às 9.30 h rumo a Dharamshala e McLeodganj, o Pequeno Tibet, passando por cidades e vilas no caminho. 5 horas de viagem.

Não preciso dizer que o trânsito é doido em qualquer lugar na Índia. Aliás, você só pode dizer que é motorista depois de dirigir aqui e não bater. Nosso motorista quase me matou de tantos sustos. De repente vinha um carro ou um caminhão na nossa direção e ao lado, outro carro. Ambos correndo um contra o outro. Como é mão inglesa e vou na frente pra conversar com o motorista, passo tanto sufoco que o fiofó fica que não passa nem fio de cabelo de nenê feito a ponta! Sério!

Passamos por muitas pequenas cidades, vilarejos, poeira, regiões onde os macacos imperam e ficam na estrada se catando, tomando banho de sol. Nem aí pra você, se está com pressa ou não. Melhor não descer do carro.

Dharamshala fica na base de uma montanha e McLeodganj, onde está nosso hotel, fica no alto. Kim foi ficando nervosa porque nunca chegávamos e sempre subindo.

“Colega, você é louca? O que você veio fazer aqui?”
Sabe que nem eu sei! Se eu descobrir a resposta eu lhe conto.(hahahaha). Verdade, ainda não sei o que vim fazer aqui. (Continuo não sabendo até hoje, mais de 3 anos depois e que atualizo). Olhando para cima, subindo e subindo, vendo que a montanha se tornava mais fria e até chovendo, fiquei preocupada. Estará um frio do cacete e eu tirei tudo de frio da mala. Levei para o Nepal e lá estava um calor do peru. Agora venho pra cá e tem até chuva. Lasquei-me!



Começou a novela. Quiseram nos dar o melhor quarto do hotel, como se fosse possível, mas fica no quarto andar, pelas escadas. Chegamos em cima com um palmo de língua do lado de fora. O convencimento seria a vista que teríamos do terraço. De fato. Mas não convenceu a Kim. Preferiu ficar em um quarto menor no 1º andar.

Já 15.30 h não havia mais almoço, mesmo assim fizeram um frango frito com alho e arroz com legumes que tem sempre. Pelo menos a comidinha foi feita na hora.

Não podendo fugir do inevitável, saímos para bater pernas e comprar um xale de lã. Não é que a lã de Yak não me deu alergia?! Estou aqui quentinha com um xale bonito e barato.

Aproveitamos para dar uma olhadinha na “cidade”. Well, não se pode chamar de cidade. Seria eufemismo. É mais um vilarejo bem movimentado, cheio de turistas, de gente que  segue o budismo tibetano, de monges com seus mantos vinho, amarelo, açafrão. Sem novidade, as ruas são estreitas, tortuosas, cheias de lojinhas, tudo sobre Buddha. Aqui quem manda é Buddha e não tem pra ninguém. A praça principal, se é que se possa chamar assim, é apenas um vão maior, tipo 40 ou 50 metros num arremedo de um quadrado (nem chega a ser um quadrado, com alguns sobrados de dois andares, construídos onde os donos quiseram, sem qualquer calçada ou demarcação  reta.










Com a noite e o frio, o Himalaia ali pertinho, ( dava pra ver picos nevados), procuramos o conforto, (conforto é eufemismo também), do hotel.

E o melhor. Neste momento nosso motorista nos dá massagem nos pés. Assim eu vou pra galera! Motorista massagista não é pra quem quer. É pra quem pode! Hahahahaha

Ah, nosso motorista, Dilbhag, não fala inglês. Só algumas palavras. A gente se comunica mais por mímica. O garçon do hotel ficou insultado quando mandei servir o jantar para o motorista. Fez ouvido de mercador e bati o pé. Sentei-me com ele à mesa até que fosse alimentado.

Jisuuuuuus, que água mais gelada é essa? O aquecedor não consegue esquentar a água. Tomei um banho de gata, lavando mesmo só as partes essenciais. Eu me recuso a tomar banho amanhã. Nem por decreto do Dalai Lama, prometendo salvação segura, com certificado assinado por ele. Só o farei em Delhi.

Sem contar que o hotel, pra variar, é sujo pra caceta. Joguei no chão os lençóis. A coberta também.
Esse povo que vem aqui só pode mesmo ser muito devoto. E eu que não sou devota, vim pro curiosidade, estou aqui morta de arrependida.
Agora é tarde, Inês é morta e que meu relato sirva de alerta para alguém. So be it!


Não apareceu o guia até a hora de sairmos. Primeira visita foi ao Pequeno Tibet, onde há o monastério e templos de Buda, templo de Avalotskevara e Tara Verde. Há um aviso para que não se tire foto. Entretanto, muitos indianos estavam fotografando e dei uma de mariazinha sem braço. Fotografei também. Bom mesmo foi ver os monges – alunos – praticando. E aquela monja velhinha que passou por mim com os lábios pintados de batom?








Kim havia decidido entrar no templo, mas no último minuto ela arrumou uma dor de barriga – nervosa por entrar um templo que, pra ela é mesmo que ir pro inferno - e foi uma novela arrumar um “rest room”. Tive que sair com ela e arrumar um. Bom, pelo que vi da entrada, era a visão do próprio inferno. Ela foi sozinha, porque eu voltei para o templo.

Nós, pobres mortais, não temos acesso à residência do Dalai Lama. Só fiquei sabendo que há um portão de acesso, por dentro do monastério.

Milagres acontecem. Ao meio dia apareceu a margarida. Ou melhor – o guia. Quando eu já havia visitado os templos. Fazer o quê? Dispensá-lo, claro. Incompetente!

A próxima visita foi ao Chamunda Devi Temple. Como todo templo indiano, bem sujinho. Estou ficando paranóica. Meus pés ficam coçando depois de visitar templos indianos. Vontade de lavar os pés com álcool, mas não encontro. Portanto, fica a dica. Se você vem à Índia, traga álcool em gel para essas limpezas.




Em seguida, visita ao Norbulinka Institute que promove e preserva a cultura tibetana no exílio. Arrumadinho o jardim no estilo japonês e almoçamos por lá mesmo.  No Instituto há oficinas de bordados de panos, marcenaria onde são feitos trabalhos entalhados, esculturas em bronze, pinturas em tankas. Há também um templo no interior.












Bom, até agora, ainda não descobri o que vim fazer aqui, mas, voltando ao centro de McLeodganj, a Escócia indiana, onde está nosso hotel,  em uma loja vi algo que foi amor a primeira vista. Um bastão de cristal bem diferente. Examinei a ponta e estava quebrada. O dono da loja mudou e o trouxe comigo. Vamos ver no que vai dar.
Aproveitei para comprar os itens encomendados pela Iohannah. Um caderno, um Buda, postais.


Kim está com a macaca. Resolveu reclamar do edredon que foi trocado por outro mais sujo e por cima rasgado. Me embucetei e peguei o edredon e desci com ele escada abaixo até a recepção. Quando mostrei ao funcionário de serviço, ele saiu correndo escada acima apurado – trocarei imediatamente, madame.
Sabe quando a emenda fica pior que o soneto? Pois foi. Quando o funcionário tirou a fronha do travesseiro, quase caí pra trás. Era pretinho – de suuuujo e mofo! E pensar que eu dormi com essa coisa ontem à noite. Estava muito cansada mesmo!

Ah, haja malabarismo! É o normal por essas bandas.Confesso que a posição é bem incômoda. Você não sabe se concentra ou se segura a roupa. O resultado pode ser bem desastroso. hahahaha


Há quartos melhores que esse e até pedi para que trocassem. Alegaram que estavam já reservados. Tá que nos ofereceram um quarto mas era no quarto andar e aqui sofremos com a altitude. Kim sentiu a altitude de imediato. Se eu senti, imaginem ela.
Vou contar o nome do lugar – Spring Valley Resort. Fotografei pra não copiar a decoração. A única coisa limpa, pasmem – é o chão do banheiro. 

PESSOAS DE McLEODGANJ 











HORA DO RANGO


HEI, O QUE FAZ ESSA CRUZ CELTA POR ESSAS BANDAS?




Dia 4 nov – Levei um susto logo cedo. Desci para levar uma sacola para o carro e chamar nosso motorista – Dilbagh – para tomar café. Ele é muito humilde e cerimonioso. Se não insistirmos, ele não senta conosco. Aliás, ontem à noite, quando jantávamos, ele estava se servindo e o maitre veio saber se ele estava conosco. De novo.
Sim, ele está conosco e é para servi-lo.
Então, quando cheguei ao estacionamento, na calçada do hotel, Dilbagh estava arrumando a calça. Coloquei a sacola e me virei. Bem a tempo de ser surpreendida por uma cena inusitada. Dilbagh havia tirado a calça e estava de cueca e camisa, os cambitos à amostra, na maior naturalidade. Calmamente vestiu a calça do uniforme de motorista como se nada estivesse acontecendo, na rua, pra quem quisesse ver o físico de Tarzan depois da gripe. Segurei o riso que a cena provocou e subi correndo pra contar pra Kim. Pena que não estivesse com a câmera na hora. Juro que era uma cena digna de registro.

 Deixamos McLeodganj às 10 horas da manhã. O aeroporto fica em Kangra, a uma hora de carro.
Passamos por uma parte do caminho já percorrido quando viemos de Amritsar.
No caminho, uma macacada (babuínos) tomava banho de sol. Era divertido ver como alguns ficam lagarteando enquanto as companheiras os catam. Dá pra ver o prazer que sentem nas caras deles.
Falando em babuínos, ontem, no templo do complexo de Kangra, uma mamãe babuína abordou, literalmente, um homem que comia melancia. O homem deu um pedaço a ela. Não contente, a mamãe pediu outro. Atendida, afastou-se, entregou um pedaço a um babuíno e subiu na árvore dando o outro pedaço ao filhote.
E dizem que os animais não pensam. Uma ova!

Dilbagh ao se despedir de nós, chorou, tadinho. Disse que o coração dele já estava doendo de saudade e tocou nossos pés, em sinal de respeito. Ele era muito bonzinho e cuidou de nós com muito carinho. Ele nos tratava como se fôssemos rainhas.


Agora eu entendo o sentido do nome dele – Dil é coração. Bagh é jardim. Ele tentou explicar, mas o inglês dele era terrível.


Surpresa! O aeroporto é arrumadinho, limpo, e cheio de turistas também arrumadinhos. Nada de hippies ou passageiros mulambentos.
Toiletes para passageiros super limpo. Só não esquecem dos quilos de naftalina, que é usada como bom ar. Arre! Meus lábios ficam inchados com o cheiro e começo a espirrar.

Chegamos a Delhi às 14.30 h e não havia ninguém à nossa espera. Meia hora depois que o  Naeem apareceu. A primeira coisa que perguntei era se havia enviado nossas malas para Mumbai. Naeem,  todo errado, pediu mil desculpas e nem sabia como me contar.

Ué, conta pelo começo.

Resumindo, uma notícia aterradora. O hotel onde ficamos hospedadas e para onde iríamos, e onde havíamos deixado nossas malas no depósito, simplesmente havia sido lacrado por ordem judicial, com tudo dentro.

Levei um soco no estômago. Tudo que comprei na Índia e no Nepal, todos os presentes, lenços, tecidos, roupas, tudo, tudo retido.
Naeem não sabia explicar o motivo da ordem judicial, mas estavam fazendo de tudo para ver se conseguiam liberar nossa bagagem.

A princípio, fiquei calma, mas quando a ficha caiu, fiquei muito nervosa.
Só me resta confiar na sempre ajuda da minha amada Mestra Kwan Yin, a quem entreguei a causa.

A outra notícia é que Gaurav estava vindo para Delhi e chegaria no final da tarde, para tentar, com suas amizades, liberar nossas malas. Não sei como, pois é sexta feira e final de expediente.Se no meio da semana tudo é muito lento, muito burocrático, que pensar em final de semana?

De qualquer forma, fomos ao mercado comprar uma mala porque a minha, a corja de carregadores dos hotéis quebrou tanto a alça de cima como a de lado. Tive que improvisar uma alça. Estou, literalmente, com uma mala sem alça.

Finalmente Gaurav chegou. Há esperança de que consigam liberar as malas amanhã de manhã, mas já teremos ido para Aurangabad. Tomara que consigam e enviem para Mumbai.

Sem stress, saímos todos para jantar. Afinal, não tivemos almoço. Aháaaaaaaa, vimos a cor do dindin do Gaurav. Hahahahaha. Aproveitamos para comemorar o aniversário dele, antecipadamente.

Agora estou aqui morrendo de rir com um filme do Anjay Kuhmar. – Chandni Chowk to China. Nem quero pensar que teremos de levantar às 4 da madrugada.

Às 4.30 horas do dia 5 de novembro, eis que surge Gaurav no lobby do hotel, com uma notícia que me animou. Às 10 horas eles iriam ao Regente Hotel apanhar nossas malas. Tomara!

Nosso voo para Aurangabad, pela Jet Connect, ou Jet Airways saiu pontualmente às 7.30 horas. Estava quase tudo bem, já que detesto viajar na cadeira do meio, porque me sinto uma sardinha, até que a companheira do lado do corredor trocou de lugar com uma passageira com dificuldade de se locomover. Pronto. Começou o inferno. A mulher não parava um segundo. Fiquei tão irritada que gritei com a mulher. E não foi uma , nem duas vezes. Pensam que adiantou? Não! Continuou e o pior: a catinga de merda com naftalina embrulhava meu estômago. O voo foi um suplício. Duas horas mais demoradas da minha vida!
Quando chegamos a  Aurangabad, pensam que a mocreia se moveu para que nos pudéssemos sair? Não! Tive que chamar um comissário para falar pra ela que iríamos sair. Que bofe!
Juro que no próximo voo irei exigir cadeira na janela. Eu fico com a besteira de dar a janela para Kim não se incomodar e ela nem olha.

Cá estamos no Estado de Maharashtra (Maga - grande. Ashtra - arma) e que  pessoal pontual esse de Aurangabad. O guia me identificou loguinho e rapidinho chegamos ao hotel – Castel of Windsor. Não é essa Brastemp, mas em vista dos demais, está bom demais!

O café da manhã bem que podia ser melhor, mas vamos lá. Café, torradas, mamão.

Sem perder tempo, saímos para as cavernas de Ajanta, que ficam a 110 km de Aurangabad, mas leva-se, em média, 2.30 horas para percorrer a distância. Preciso falar do trânsito?

Hoje realmente não é o meu dia. Kim começou a reclamar, a resmungar, a bufar dentro do carro. Isso vai me irritando, na mesma medida em que fico com vergonha do guia – Inda – e do motorista.
Reclamava porque era longe. Reclamava porque era tudo muito pobre.  Reclamava porque estava cansada. Mas eu falei – fique no hotel, eu vou para as cavernas. Mas não, tem que ir pra fazer chantagem emocional.

Não deu outra. Chegamos ao complexo quase meio dia. Um calor do cão. Um enxame de vendedores. Parecem moscas em cima de nós, oferecendo toda sorte de coisas. Vi a hora Kim dar uns sopapos em alguém. Ela esquece a lição de se fazer de surda e muda. Fica respondendo e é só o que eles querem.

Como era esperado, resolveu não subir ao complexo de cavernas, mesmo eu oferecendo para ela ir de cadeirinha. Isso mesmo. Há cadeiras adaptadas  que são carregadas por 4 homens. 600 rupias pelo circuito todo.


O complexo de Ajanta são 30 cavernas escavadas na rocha e eram usadas como templos budistas e jainistas, monastérios, abrigos. Foram redescobertas por um inglês – John Smith, em 1819, quando caçava tigres. Literalmente, ele atirou no que viu e matou o que não viu. Em uma das cavernas e marcou o seu território. Escreveu o nome dele e data em uma das pinturas da caverna onde tem uma stupa votiva.














Das 30 cavernas visitamos apenas 6, correndo, porque a Kim fica braba quando demoro. Detesto fotografar olhando para o relógio e mesmo assim, sei que quando voltar ela estará emburrada, chorando, trombuda. O guia também tinha rodinhas nos pés.
















Mesmo correndo e olhando apenas as cavernas mais importantes, levamos duas horas no circuito.

Acabei de eleger o complexo de cavernas de Ajanta como o 3 lugar mais bonito na Índia.

Dito e feito. Encontrei a Kim num pé e noutro. O retorno a Aurangadab foi um vexame. Começou com ela dando piadinhas. Inda, um senhor já careca, correu na frente para chamar o motorista e Kim soltou essa –
Os guias mais novos me deram atenção e esse velho nem olha! Será que ela está com ciúmes? Fiz de conta que não ouvi o comentário.
Durante todo trajeto de volta, Kim silvava, chorava, resmungava. Eu me fingi de morta  para disfarçar a vergonha, o vexame.

Não sei se chegar ao hotel foi um alívio. Escondi-me em um banho demorado, lavando a cabeça, pois o calor nas cavernas era descomunal.
Kim chorando. Gente, ela  faz força para chorar. Isso me irrita! Tudo encenação pra se fazer de coitadinha. Ela sabe que para viajar comigo precisa ter pique. Não vou pagar por uma viagem longa e distante, caríssima para ficar dentro do hotel. Não mesmo! Pode fazer tromba, chorar, resmungar... amanhã irei para o complexo de cavernas de Ellora.

Por fim eu me embucetei e já pulei da cama soltando os cachorros! É só como ela para de fazer drama. E ainda diz que não está me atrapalhando. Como não? Eu tenho que fotografar olhando para o relógio! Onde já se viu isso? Eu lhe disse quantas vezes para não vir? Eu estava pronta para vir só. Na verdade não ficaria só, pois teriam os guias e os motoristas. Mas não, pensei assim: se ela não for comigo, nunca irá. E também para tirá-la um pouco da vidinha apartamento – igreja – apartamento. Só isso. Bem feito, quem mandou?

Estou aqui escrevendo e Kim diz – quero comer, estou com fome! Hummm. É a bandeira branca dela. Quer pasta. Que venha!
Enquanto o jantar não vem, ela fica ali ciscando na mala. É só não dar atenção que ela cansa. Hehehehe

Não consegui acessar a net. Gaurav mexeu tanto no meu lap top que ficou desconfigurado.

Dia 6 novembro – eita, fui à forra. Kim ficou no hotel e às 9 horas sai com o guia. Desta vez a agência mandou um guia – Ali Liyakat– professor de História e por cima, adora fotografar.  Pronto. Juntou a fome com a vontade de comer.

Nosso destino hoje é Ellora que fica a 30 km de Aurangabad.
Caciiiiiilda! Fiquei igual a pinto no lixo e o Ali sabe até os ângulos melhores para as fotos. Por fim entreguei uma das câmeras para ele e fui ser feliz com a outra. Resultado: 1.70 gigas de fotos!
Começamos com as cavernas jainistas, pelo horário. A luz fica melhor para se fotografar.

Geeeente, cada coisa linda!
Ali havia previsto ficarmos uma hora nessas cavernas. Ficamos duas.

Passamos para as próximas cavernas – as hindus. Me acabei! Era um templo do meu querido SHIVAO! Me acabei mesmo! Fotografei tuuuuuuudo que pude. Eu de um lado e o Ali do outro.
Fotografamos todo o Templo Kailasanatha, entalhado em um único bloco de rocha, sob encomenda de Krishna, rei da dinastia Rashtrakuta, no século VIII.
Como diz a Lakshmi – Muuuuuuuuuuuuuurriiiiiiiii! Hehehehe
Fotografei um grupo de mulheres e crianças indianas. Todas bem coloridas. Quando tentei sentar junto a elas para uma foto, elas se levantaram. Entenderam que eu queria tirar uma foto onde elas estavam. Correram os maridos e Ali explicou que eu gostaria de tirar fotos com elas. Foi uma festa. Voltaram todas e tome fotos que os maridos, orgulhosos, queriam ver. Um até me procurou depois, com o filho no ombro, pedindo para eu fotografá-los. Eles apenas querem se ver no visor da câmera.
Virou festa mesmo. Um grupo de garotas me pediu para fotografá-las.

Ficamos duas horas e vinte minutos lá. Por fim a fome bateu e  falei, saco vazio não se põe de pé. Comemos por lá mesmo. Não é que o amigo do Ali fez uma comidinha legal, sem pimenta? Comi com arroz branco e um belo copo de lassi doce.

Voltamos para as fotos. As últimas cavernas que ficam melhor para fotografar à tarde. São as budistas. Mas elas decepcionaram.  Simples  em vista das demais. Perdi o tesão.
Merece destaque a caverna onde está Vishwakarma – o carpinteiro celestial. Há um Buda pregando entalhado na rocha frente a uma stupa votiva, com um teto abobadado e as colunas maravilhosas.
Quando entramos, a primeira vista não havia ninguém, mas ao entrar, ouvimos o mantra OM. Era um estrangeiro sentado ao chão mantrando. O som ecoa perfeito. Fiz dupla com ele.
Para fotografar valeu tudo – até deitar no chão. Alias, não é a primeira vez que faço isso. O que vale é o ângulo.
Logo depois a caverna encheu e um guia começou a mantrar para mostrar ao grupo a acústica perfeita. Baixou o santo e mantrei com ele – OM OM OM SHANTI OM OM OM. Todo mundo ficou me olhando. Nem liguei.

Como deferência, Ali me levou a um monumento que tem aqui em Aurangabad – Bibi ka Maqbara - é uma cópia do Taj Mahal. De cara se vê que as proporções estão bem longe do original. Pode-se dizer que é um Taj Mahal de pobre. Está caindo aos pedaços. Uma pena, pois há trabalhos belíssimos.

Cheguei ao hotel às 17 horas. 8 horas fora. Se a Kim estava braba, disfarçou um tiquinho. Amansei a fera. O motorista virá buscá-la às 18 horas para levá-la à igreja. A principio disse que não iria.
Mas já contratei o motorista!
Mas eu não contratei!
POOOOOOOIN! Fiquei quieta. Sabia que ela não iria resistir. Deitei e cochilei. Acordei com a Kim prontinha da silva, perguntando a que horas o motorista estaria aqui. Não voltou até agora. Sei que vai me contar que conversou com o padre. Isso eu queria ver. Hehehehehe

Amanhã cedo sairemos para a nossa última etapa – Mumbai.

Aeroporto de Aurangabad – aconteceu de tudo. Tive que me segurar muito na hora da revista pessoal. Aqui é comum os passageiros viajarem com uma garrafa de água. Eu levava a minha no lado de fora da mochila. A policial perguntou – está lacrada? Sim, está lacrada.
Abra!
OK, abri a garrafa.
Beba!
Gut, gut, gut... e tive um acesso de riso. Entendi porque ela havia mandado abrir e beber. Antes que ela me desse um esporro, falei logo – sou policial no meu país, viajo o mundo todo e é a primeira vez que me acontece isso. Ela abriu um sorriso e mudou a forma de me tratar.

Claro. O vasilhame poderia conter algo que não fosse água potável. Veneno, algo inflamável... Bem pensado! Se bem que no Brasil não viajamos mesmo com água.

Segundo caso – éramos as primeiras a passar pelo portão de embarque. Estávamos na pista quando a Kim perguntou – cadê minha sacola de mão?
Ai, Cacilda! Ele esqueceu no raio x. Voltamos. Ela foi procurar a sacola e como demorava muito, pedi para entrar junto, já que ela não fala inglês e teria dificuldade.
Kim estava perdendo a paciência e isso não seria nada bom. O policial  resolveu revistar de novo , item por item. Cismou com os bobs da Kim colocar nos cabelos. Com a roupa suja, mexeu em tudo. Passou várias vezes no raio x e ainda passou um sabão nela para que nunca esquecesse os pertences no raio x. Pedi desculpas por ela. Afinal, é uma senhora de 80 anos e está estressada com tanto tempo viajando.

Incrível. Minha aura deveria estar bem vermelha. Fiquei uma arara. Kim não quer carregar a própria sacola e por isso despacha tudo. Mesmo que pese dois quilos. Como eu não peguei a sacola no raio x, nem poderia, deu no que deu. Foi minha vez de resmungar.  Enquanto aguardávamos os passageiros à nossa frente entrarem no aeronave, uma garotinha de seus dois anos, a minha frente, de repente começou a me bater. A fedelha parecia uma onça. Não deixei por menos. Dei uns gritos nela. Quando ela levantou a mão novamente para me bater, levantei a minha. Noooooooo! Os pais que riam feito hienas, mas quando me viram levantar a mão, imediatamente tomaram a FDP no colo. Viram que eu não iria engolir a agressão. Eu, hein?

Na aeronave, duas senhoras idosas já estavam aboletadas em nossas poltronas. Haja paciência para explicar que eram nossos assentos. Desta vez fiquei na janela, mesmo sendo apenas 45 minutos de voo.
Nosso hotel em Mumbai – ÍBIS fica ao lado do aeroporto. Gosto do Íbis porque é tudo igual e não se tem surpresas desagradáveis.

Gente, ataquei o café da manhã. Achei digno encontrar croissant e um café decente.
 Nosso passeio pela cidade não foi tão surpresa.  Acho que pelo fato de assistir a tantos filmes indianos rodados aqui, já conhecia muita coisa.
Mas, confesso, foi até engraçado ver os jardins tão velhos e mal cuidados que nossa guia –Swati Ghandi - nos apresentou como se fossem os jardins de Monet, por exemplo. Mesmo em Goiânia temos parques bonitos.

Bom mesmo foi ver tantos painéis enormes de propaganda do filme Bodyguard, com fotos do meu amado SALMAN KHAN! Jogo mil beijinhos pra ele por onde passo e o vejo lá em cima. Afinal, ele mora aqui. Eita, com um gato desses eu ficaria toda azunhada e não o largaria.

Fomos a um templo jainista ativo. Achei estranho. É uma  mistura de hinduísmo com budismo. Muito enfeitado. Mulheres são bem participativas, cantando, lavando roupas no chão, com um tiquinho de água.
Diante da imagem principal, representadas em negro, um castrado rezava. Só percebi porque fiquei ao lado dele e ouvi a voz. Olhei-o discretamente, acompanhando o olhar da guia. Ela nada disse e eu nada perguntei.

O ponto alto do passeio pra mim foi ver o Dobhi Ghate, ou Diário de Mumbai. É o título do último filme do Aamir Khan. Onde os homens lavam roupas. Eles são profissionais. Os turistas param lá para fotografar. Eu também.

Estávamos muito cansadas e voltamos para o hotel. Eu precisava urgente de um banho. Mumbai faz muito calor.
Tão logo chegamos ao hotel, chegaram nossas malas.
OK. Mexeram nas malas. O lacre estava aberto, a minha mala revirada. Eu sei exatamente onde e como coloco as coisas. Não senti falta de nada, mas é desagradável saber que futricaram nas minhas coisas.

ÚLTIMO DIA EM MUMBAI. ÚLTIMO DIA NA ÍNDIA – Kim resolveu ficar no hotel. Imagina se ela iria a um passeio em que teria de apanhar em um barco e avançar mar da Arábia adentro por uma hora. Nem morta, Maria da Glória!
Fui só. Pra começar, pelo horário, pegamos um trânsito infernal. Uma hora do hotel até a Índia Gate, de onde saem os barcos.
Aproveitei o caminho para fazer uma série de fotos de janelas. Darei o nome de “Janelas de Mumbai”.

Swati, nossa guia, ontem veio de saree. Hoje veio de panjabi.
Uma hora de barco, passando pelos navios de maior calado que ancoram mais ao largo. Acho que o mar aqui é bem raso. Vendo tudo isso, lembrei do filme – Once time in Mumbai, com o charmoso olho de peixe morto – Ajay Devgn.


Chegar à Ilha Elephanta é uma viagem. E o negócio fica pior quando você chega ao meio dia e tem que subir 120 degraus  separados por rampas ascendentes. F---! Cheguei ao alto com um palmo de língua do lado de fora e suadinha. Ainda bem que, por 5 rupias, você apanha um trenzinho e economiza boa caminhada no sol escaldante, com um clima super abafado, úmido.

E o pior! Pra ver apenas 3 cavernas. Mas fique alegre. Você estará de cara com THRIMURTI. Isso. Uma escultura escavada na rocha, em um nicho, o principal, com a face tripla. Vishnu, Brahma e Shiva. Linda, linda! E também tantas estátuas de Shiva. Na verdade, todo o templo é do Shiva. Shiva é o deus mais popular na Índia. Não vi ninguém falando no Brahma. Aqui e acolá, fala-se em Vishnu. Fala-se mais em Lashmi, esposa de Vishnu. Claro, além de ser a deusa da beleza, da prosperidade, é a deusa do dindin!

Acho que a visita não demorou meia hora.

De volta a Mumbai restava algo que eu precisava fazer aqui. Swati não conhecia a marca de camisetas Being Human. Ainda bem que eu trouxe os endereços das lojas onde vendem. E havia uma perto da Índia Gate. Fomos lá e comprei duas camisetas. Uma com pintura do Sallu. Amei!

Estamos aqui no hotel fazendo hora, deitadas, arrumando as coisas. Sempre há alguma coisa que falta. Começa a bater uma ansiedade de voltar rapidinho pra casa.

Bom, acho que Índia agora só na próxima encarnação – a passeio!

09 novembro – Estávamos cortando prego com o peso de nossas malas. Acreditem. Nós tínhamos direito a 60 quilos. As malas pesaram 59.400 kg!
Às 4.30 horas deixamos o solo indiano a bordo de uma aeronave da Emirates. Morta de cansada. Mas a tia ficou na poltrona do meio e deve ser uma maldição. Ela não sossegava. Imaginem. Ela deixou cair uma pedrinha que usa como simpatia para não fazer xixi e atazanou meu cochilo. Eu REALMENTE mereço!

Aeroporto de Dubai – isso sim é primeiríssimo mundo. Europa é vila no fiofó do mundo. Resolvi tudo assim que saímos da aeronave. O funcionário da Emirates em Mumbai foi tão bonzinho que já enviou as nossas malas direto para São Paulo e o funcionário de Dubai marcou nossos assentos,  uma na janela e outra no corredor. Será que alguém vai se candidatar a ficar no meio?

Passeamos com olhos compridos no duty free do aeroporto. Mas não vou comprar nada aqui. Se der, comprarei em São Paulo.
Agora é tomar chá de cadeira até a saída de nosso voo.

Ainda bem que o voo não estava lotado e deu até pra me espichar um pouco. Viajar durante o dia tem sua vantagem – nem sempre os voos são lotados. Desvantagem – como demoram! É a impressão que se tem, por mais que eu tenha assistido a filmes, andado, conversado, visto fotos, dormido...

Em compensação, o almoço servido foi dos deuses. Tirei a barriga da miséria. Louca por uma comidinha decente como estava, caí de boca!


No nosso voo havia um comissário de bordo brasileiro. Fizemos farra no fundão com os outros comissários. De quebra, Kyio, na verdade Caio, de Poços de Caldas, filou taças de champagne e chocolates Godiva para a compatriotras aqui, além de uns agradinhos dados aos passageiros da classe executiva.

Perto de nossos assentos havia uma nuvem de chinas. De repente o maior fedor. Alguém peidou. Mas foi tão fedido que comecei a dar piti. P::::, caga logo! Joga a merda de bolão que me defendo. Sacanagem!
Os chinas todos caladinhos. Ninguém disse um piu! Tia morria de rir. E eu furibunda. Foi o peido mais fedido do mundo. Nem na Índia teve um desses! Sério, chamei um comissário para colocar um pouco de bom ar pra disfarçar. O peidão deve ter comido urubu!

Enfim, lar, doce lar e muitas estórias pra contar.

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