HOLI
Chegou o
grande dia. Ansiosos para ver e celebrar o Holi. O ponto alto em Udaipur é em
frente ao Templo de Vishnu. Para a celebração, trouxemos roupa adequada. Roupa
velha que, depois da festa, seria descartada. Vaselina no kit de preparação.
Besuntar o rosto, as mãos, as unhas, um óculos Pierre Calçada de 10 minréis,
para tentar escapar do pó nos olhos, um pano na cabeça pra proteger os cabelos,
não inalar ou engolir o pó...
Espiem... poucas
dessas dicas funcionaram, pois o que vale mesmo é se divertir.
Ao sairmos
do hotel em busca de um tuk tuk festeiro que nos levasse às imediações do
templo, um grupo de motoqueiros ia chegando. Foi o que bastou para que em
minutos ficássemos coloridos. Nossa festa começou ali mesmo na porta do hotel.
Os rapazes já animados, nos abraçavam, (eles aproveitam para tirar
casaquinhas das mulheres,
principalmente das estrangeiras, mas, sinceramente, nem exageraram. Só pegaram
na bunda da Lakshmi uma vez. Hahahahaha).
|
E a festa começou. |
Já no clima
das cores, conseguimos um tuk tuk e fomos para o centro da cidade. O duro foi
chegar a templo. Ta, sabíamos que o tuk tuk não poderia ir até lá, mas o
restante do caminho foi todo de guerra de pó colorido. As pessoas abordam
desejando Happy Holi já com as mãos cheias de pó que passam no rosto, nos
cabelos, jogam sobre você, como forma de desejar um novo novo. E tome abraços.
Um custo para chegar ao templo.
|
As motos atrapalhavam a brincadeira. |
|
Munição. |
|
E o templo ainda estava longe. |
Objetivo
alcançado, sabíamos que não se pode fotografar dentro do templo. Mas acreditam
mesmo que iriam controlar a multidão que estava lá dentro cantando e dançando
para Krishna? Neeeeeeeeem, né? Aproveitamos e fotografamos tudo que podíamos.
Logo logo já éramos íntimos de todos os celebrantes. Até os pandites faziam
poses para a fotos.
|
Não me pergunte porquê dos cocos. |
Como não
celebrar Krishna e Radha em seu templo? Sentei-me ao lado dos jovens que
tocavam e cantavam bajans. O vocal e que tocava o tambor chamava-se Raj Kumar.
Nome comum por estas bandas. Engraçado, pois Raj significa rei e Kumar
significa príncipe. Rei príncipe? Sem sentido para nós.
Observei que
os homens são os que mais celebram, cantam e dançam para Krishna.
|
Tomando a benção a Garuda. |
|
Rajkumar cantando e tocando bajans para Krishna. |
|
Petição de miséria o estado da minha roupa. |
Um grupo de
mulheres com seus sarees coloridos logo depois entraram na dança e tomaram
conta das atenções. Uma delas parecia em êxtase, uma gopi, se não fosse de um
grupo que, na verdade, ali estava para tentar furtar, como descobrimos logo
depois;
Uma mulher
desse grupo que estava à entrada do templo, abraçou fortemente a Adriana e
enfiou a mão no sutiã da Adriana procurando dinheiro. Seria o local mais
provável, já que Adriana não estava com bolsa. Como Adriana me alertou,
logo mais tarde a ladra
veio na minha direção, enquanto eu fotografava e me apertou com força, como se
fosse um abraço, enquanto outra passava tinta no meu rosto para desviar minha
atenção. Já de sobreaviso, meti-lhe uma cotovelada nas costelas e gritei – Não me toque!
Com a
tentativa frustrada, após eu fazer um sinal de surrupiar, o grupo deixou o
templo.
A folia
corria de esmola fora do templo, mas, para mim, a melhor celebração estava ali.
|
Não, não é uma ET. É a Adriana voltando do templo. |
|
Ninguém escapa. Ainda mais se for turista. |
|
Registrando tuuuudo. |
Quase duas
horas da tarde, já perto de terminar o horário do templo, saímos para observar
a festa do outro lado da rua. Só rapazes já bêbados continuavam rodando em suas
motos. Adriana e eu sentamos na escadaria do prédio da polícia. De repente, nossa
atenção foi desviada para um pequeno tumulto. Quatro moças estrangeiras estavam
encurraladas por vários rapazes. Os policias correram pra cima e destribuiram
cacetadas sem dó nem piedade. Os policiais indianos portam sempre uma vara de
madeira muito dura, como se fosse um cassetete.
Voltar para
o hotel requeria um tuk tuk e isso só conseguiríamos saindo da proteção
policial. O jeito era descer a rua. No meio do caminho, havia a entrada de um
hotel. Opa... tem máquina de capuccino. Sede. O pó dá uma sede horrível, pois,
por mais que você tome cuidado, termina por engolir, aspirar. Pedimos uma água,
mas o rapaz que nos atendeu não tinha troco. Ficamos sem a água. Pedimos que
ele nos ajudasse conseguindo um tuk tuk. Em vez disso, ele chamou o gerente que
veio nos atender, todo colorido, chegando da rua. Repetimos nosso pedido e
comentei, queríamos uma garrafa de água, mas vocês não tem troco, informei ao
gerente de antemão. Ele apenas abriu a geladeira, apanhou uma garrafa de água e
me entregou. Repeti – mas você não tem troco e só temos cédulas de 500 rupias.
Ele fez sinal para que eu bebesse e disse. Dinheiro não é importante.
Importante é que você está com sede e aqui está água. Beba. Disse-me o nosso
anfitrião de última hora.
Gente, não
deu para segurar o nó se formou na minha garganta e explodi em lágrimas. Imediatamente
eu me lembrei que um tempo antes, no templo, eu havia tirado a garrafa de água
e ia tomar um gole quando um rapaz fez sinal pra mim pedindo um gole. Dei a
garrafa para ele. Ele tomou mais da metade e me devolveu. Ele tinha sede. Agora
eu tinha sede. E ali estava alguém que me oferecia água para matar minha sede,
sem pensar em dinheiro.
Sem
pestanejar, abracei o gerente, que se apresentou como Manoj. Depois de muita
conversa, apresentações, Manoj chamou um tuk tuk, combinou o preço da corrida e
deu todas as recomendações ao motorista para nos levar ao hotel, em segurança.
Manoj de Udaipur. Manoj
Sukhwal. Um
sinal de que ainda há esperança para este nosso mundo.
Resto da
tarde para tirar um tanto da tinta dos cabelos – sim o tal turbante não serviu
de nada. Caiu na primeira investida e meus cabelos eram um arco-íris. O pó
deixa a pele ressecada. A garganta fica seca. A roupa, meias, bom, tudo isso
foi para o lixo. Banho de uma hora, com o cuidado para não esfregar a pele. Até
que a vaselina ajudou um pouco.
Descansar o
restante da tarde e à noite voltamos ao templo. As pessoas continuavam cantando
e dançando. Foi quando conversei com o pandit Yogesh e ficamos tão à vontade
para fotografar tudo no templo, com direito a marca de Vishnu na testa.
Claro que o
pandit fez mais poses e me disse que morava ali mesmo.
|
Índia das cores. Cores da Índia. |
Descrever o
Templo será um tópico à parte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário