domingo, 26 de maio de 2013

TEMPLO MAYOR




O sol está de rachar e mesmo assim tem um portão que me chama – é a entrada do Templo Mayor. Pago nossas taxas entro com a Io, já que  o Carlão não entra em museu,  embora jure de pés juntos, que irá ao de Antropologia.
O Templo Mayor era o maior templo dos astecas. Ironicamente veio à tona por ação de um terremoto e até hoje as escavações acontecem. 

Ironicamente – ainda mais irônico, só de pirraça,  está ali, ao lado da catedral numa clara mensagem – pode ter me derrubado, mas eu resisti ao tempo e hoje me faço conhecido. Dentro da área há o Museu de grande parte de  peças achadas no Templo Mayor e de outras regiões. Um museu de chorar.  De se visitar ajoelhada.  




Templo Mayor – era o espaço sagrado mexica por excelência. Nele se realizavam os rituais mais importantes como os dedicados aos seus deuses, a nomeação dos seus líderes  e funerais da nobreza. Os arquitetos mexicas fizeram do Templo Mayor o modelo do centro do universo, onde confluía o plano horizontal com o vertical.
O plano horizontal estava conformado com os quatro pontos cardeais ou rumos do universo.  O Templo Mayor se encontra no cruzamento desses eixos. No plano vertical estavam os treze pisos celestes, a Terra e os nove níveis do inframundo.

Desde sua edificação o Templo Mayor foi ampliado em sua fachada em sete ocasiões. Em 1521, ano da conquista de Tenochtitlan, o Templo Mayor havia alcançado suas maiores dimensões com uma altura de 45 metros.

A Catedral Metropolitana mede 60 metros e recentes investigações revelaram templos que se encontram sepultados debaixo da catedral.

Cada governante tinha a missão de aumentar o tamanho do Templo que refletia o crescimento e também estava motivado pelas inundações que sofria a cidade.

Moctzuma I, o quinto tlatoani mexica, governou de 1440 a 1469 d.C. Durante essa época os mexicas consolidaram seu poderio e neste período o Templo Mayor sofreu uma ampliação total.
Dessa época se conserva a plataforma geral adornada com enormes braseiros e cabeças de serpente assim como restos do primeiro corpo da base piramidal e parte da fachada principal.









Chac Mool-  essa escultura porta um recipiente sobre seu ventre no qual se depositavam oferendas. Dizem estudiosos que são guerreiros caídos em batalha e emissários entre os homens e divindades. Também se  há proposto que, dada a sua peculiar posição, esse tipo de esculturas eram usadas para sacrificar os cativos.
 













Um dos recintos mais importante do Recinto Sagrado foi o edifício conhecido como A Casa das Águias. Nele se realizavam as cerimônias da elite mexica. Esses rituais incluíam a oração, meditação, penitência e oferendas. O edifício foi ampliado em três ocasiões entre 1430 e 1500 d.C. 






Conhecer na atualidade o interior desse recinto é um privilégio que não tiveram muitos mexicas porque muitos poucos tinham acesso a ele. A Casa das Águias foi destruída durante a conquista e ficou enterrada debaixo da igreja Santiago Apóstolo.



“ O Templo Mayor era um dos principais templos dos astecas na sua capital Tenochtitlan, atual Cidade do México. O seu estilo arquitetónico pertence ao período pós-clássico mesoamericano. O templo era chamado huey teocalli2 na língua nauatle e estava dedicado a dois deuses em simultâneo, Huitzilopochtli, deus da guerra e Tlaloc, deus da chuva e da agricultura, cada um deles com um santuário no topo da pirâmide e cada um destes com a sua própria escadaria. Medindo aproximadamente 100 por 80 metros na base, o templo dominava um Recinto Sagrado. A construção do primeiro templo teve início algum tempo depois de 1325, tendo sido reconstruído posteriormente por seis vezes. O templo foi destruído pelos espanhóis em 1521.O sítio arqueológico dos nossos dias situa-se imediatamente a nordeste do Zócalo, ou praça principal da Cidade México, na esquina entre as ruas Seminario e Justo Sierra.” Wikipedia




Altar Tzompantli
Distribuídas em fileiras, duzentas e quarenta crânios de pedra cobertas com várias camadas de estuco decoram a fachada posterior e lateral do edifício. A fachada principal tem uma escada limitada por  travas de madeira. Em seu interior se encontrou uma das oferendas mais espetaculares que continha representações de instrumentos musicais e os esqueletos de um puma e um lobo entre outros elementos. Esse edifício se localiza ao norte do Templo Mayor indicando simbolicamente a região dos mortos ou Mictampla, segundo a cosmovisão mexica.




 Museu do Templo Mayor

Tentem imaginar como fiquei ao entrar nesse museu. Pinto no lixo perdia feio.
Não tem como descrever tantas peças lindas, portanto, só pra dar uma ideia, vejam algumas fotos.
Já vou avisando, porém, um aspecto que só então me dei conta - os astecas, maias, olmecas e todas as cultura mesoamericanas cultuavam a Morte. Ela está presente em tudo. Nisso vi algo que se assemelha à cultura egípcia em alguns aspectos, O egípcio se preparava para a morte desde que nascia. Seu funeral era a coisa mais importante na sua vida. Para os astecas, maias e outras culturas da região, a morte era momento de glória. Era o momento mais ansiado pelo guerreiro. Ele vivia para a morte.
Novamente pontos concordantes entre egípcios e mesmoamericanos - de início, entre os egípcios, só os faraós eram embalsamados. Depois esse benefício se estendeu à realeza. Um pouco depois, aos sacerdotes. Mais além, aos ricos e finalmente aos pobres.
Entre os astecas e maias só a nobreza podia ser embalsamada, embora não fosse um processo tão apurado como o egípcio. Os demais seres mortais eram cremados. Apesar disso, foram encontrados vários corpos enterrados e junto com eles os pertences dos mortos. Teriam burlado a lei?

Foto de Io Hardy
Águia Cuahxicalli



Cabeça em basalto do deus Xólotl, encontrada nas escadarias do Templo

Essa peça é um incensório.

Representação do elemento Vento


Oferendas

Oferendas





















Detalhe da cabeça de um Chac Mool



Taloc, deus da chuva foi venerado pelos mexicas e por muitos povos mesoamericanos desde os tempos remotos. Essa deidade se encarregava de trazer a chuva que traziam as colheitas, mas também podia trazer as tempestades que acabavam com elas.
Braseiro do deus Taloc




Máscara Olmeca


Esta magnífica obra tem uns três mil anos de antiguidade e pode vir da área limítrofe entre  Guerrero, Oaxaca e Puebla, zonas de influência olmeca. A máscara mede 10.2 cm de altura e mostra os clássicos traços olmecas que evocam o jaguar, ademais da característica da fenda em forma de V na parte superior da frente. Os mexicas evidentemente reconheceram o valor artísticos desta máscara e a depositaram em oferenda, 2.500 anos depois de sua elaboração como um de seus objetos mais apreciados.
 
Outras Máscaras
Máscara Teotihuacana

Essa  máscara teotihuacana, feita em pedra de cor verde intenso , foi encontrada na oferenda 28, junto com um par de brincos que a acompanham. Conserva suas incrustações de conchas e obsidiana, tanto nos olhos como nos dentes. Teotihuacan foi a primeira grande metrópole da Mesoamérica e sua grande cultura se destacou em todos os âmbitos. As máscaras e rostos teotihuacanos são particularmente reconhecidos em todo mundo por sua qualidade expresiva e extraordinária manufatura. Essa máscara teria pelo menos 8 séculos e antiguidade quando os mexicas a depositaram em uma de suas oferendas.





Chac Mool



Olla Tláloc













Guerreiro Pássaro





Deusa Mãe Coatlicue

Huitzilopochtli



Huitzilopochtli ou o Colibrí Canhoto é o deus da guerra, deidade solar e patrono dos mexicas. Sob sua tutela esse povo se converteu no mais poderoso do âmbito mesoamericano durante o período Postclássico.
Era filho de Coatlicue, irmão de Coyolxauhqui, a Lua e das estrelas, os Centzon Huitznahua, todos eles deuses de inspiração mexica. Seu lugar tão relevante no Templo Mayor dá conta da importância que Huitzilopochtli representava  para os mexicas: a guerra e o tributo como parte do sustento econômico.



Sacrificio Humano

Esse tipo de rito se realizava de diversas maneiras e uma delas era o emprego de uma pedra de sacrifícios, uma faca de obsidiana e um recipiente para ofertar os corações, chamado Cuauhxicalli.
Revestia de grande importância e era a maneira em que a morte seguia a vida tal como ocorria na natureza, em que havia ao longo do ano uma temporada de seca onde as plantas morriam e uma temporada de vida, em que a chuva fazia nascer os frutos da terra como parte de um ciclo constante.
Através  do sacrifício humano se ofertava o mais apreciado, o sangue e a vida  em si mesma, para que através da morte surgisse a vida.




Os rituais funerários
O tipo de funeral que se realizava a um defunto estava em função da forma em que a morte houvesse ocorrido. Se havia falecido geralmente por causas relacionadas com a água, era enterrado.
Por outro lado, se a morte em guerra ou por enfermidade comum, implicava na cremação do indivíduo. Este tratamento funerário geralmente se praticava na alta hierarquia e aos guerreiros.
Em cerimônia complicada que demorava vários dias, na qual morriam escravos e um cachorro guia, o corpo do falecido – adornado com joias de pedras e metais – era queimado posteriormente,  introduzindo-o em uma urna, junto com os seus cabelos e alguns dos objetos que o adornavam.
A tevolía ou alma do indivíduo viajaria à Casa do Sol se havia falecido na guerra, mas se a morte houvesse sido por enfermidade comum, viajaria a Mictlan, região em que levaria 4 anos para chegar.





Fotografei tudo que pude até acabarem minhas baterias e quando saímos, 3 horas da tarde. Lembrei que, àquela altura, meu irmão devia ter desmaiado de fome. Eu me esqueço de tudo quando estou dentro de um museu interessante. Tadinho. Para me redimir, levei-o correndo para ou outro lado da praça, direto para um restaurante.

Depois de um almoço, ali mesmo no Zócalo, quando então provei a famosa água da Jamaica, preparada com hibisco, ainda tivemos gás para ir até o Museu de Belas Artes, um prédio belíssimo.
Entramos no hall onde tiremos fotos, mas a visita por dentro do teatro só quando você assiste a algum espetáculo. Não seja por isso. Domingo haverá um espetáculo do Balé Folclórico Mexicano.

Compras, para o dia ser um tanto completo, fomos às compras. De volta ao Zócalo e às lojas de informática e fotografia.
Voltar para o hotel, apesar de estarmos na hora do pique, até que foi tranquilo no metrô.

Cansados, ficamos no hotel o restante da noite, já que havíamos abastecido a geladeira com comidinhas.



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