O sol está de
rachar e mesmo assim tem um portão que me chama – é a entrada do Templo Mayor. Pago
nossas taxas entro com a Io, já que o Carlão não entra em museu,
embora jure de pés juntos, que irá ao de Antropologia.
O Templo Mayor
era o maior templo dos astecas. Ironicamente veio à tona por ação de um
terremoto e até hoje as escavações acontecem.
Ironicamente – ainda mais
irônico, só de pirraça, está ali, ao
lado da catedral numa clara mensagem – pode ter me derrubado, mas eu resisti ao
tempo e hoje me faço conhecido. Dentro da área há o Museu de grande parte
de peças achadas no Templo Mayor e de outras regiões. Um museu de
chorar. De se visitar ajoelhada.
Templo
Mayor – era o espaço sagrado mexica por excelência. Nele se realizavam os
rituais mais importantes como os dedicados aos seus deuses, a nomeação dos seus
líderes e funerais da nobreza. Os
arquitetos mexicas fizeram do Templo Mayor o modelo do centro do universo, onde
confluía o plano horizontal com o vertical.
O
plano horizontal estava conformado com os quatro pontos cardeais ou rumos do
universo. O Templo Mayor se encontra no
cruzamento desses eixos. No plano vertical estavam os treze pisos celestes, a
Terra e os nove níveis do inframundo.
Desde
sua edificação o Templo Mayor foi ampliado em sua fachada em sete ocasiões. Em
1521, ano da conquista de Tenochtitlan, o Templo Mayor havia alcançado suas
maiores dimensões com uma altura de 45 metros.
A
Catedral Metropolitana mede 60 metros e recentes investigações revelaram
templos que se encontram sepultados debaixo da catedral.
Cada governante tinha a
missão de aumentar o tamanho do Templo que refletia o crescimento e também
estava motivado pelas inundações que sofria a cidade.
Moctzuma I, o quinto
tlatoani mexica, governou de 1440 a 1469 d.C. Durante essa época os mexicas
consolidaram seu poderio e neste período o Templo Mayor sofreu uma ampliação
total.
Dessa época se conserva a
plataforma geral adornada com enormes braseiros e cabeças de serpente assim
como restos do primeiro corpo da base piramidal e parte da fachada principal.
Chac Mool- essa
escultura porta um recipiente sobre seu ventre no qual se depositavam
oferendas. Dizem estudiosos que são guerreiros caídos em batalha e emissários
entre os homens e divindades. Também se
há proposto que, dada a sua peculiar posição, esse tipo de esculturas eram
usadas para sacrificar os cativos.
Um
dos recintos mais importante do Recinto Sagrado foi o edifício conhecido como A
Casa das Águias. Nele se realizavam as cerimônias da elite mexica. Esses
rituais incluíam a oração, meditação, penitência e oferendas. O edifício foi
ampliado em três ocasiões entre 1430 e 1500 d.C.
Conhecer
na atualidade o interior desse recinto é um privilégio que não tiveram muitos
mexicas porque muitos poucos tinham acesso a ele. A Casa das Águias foi
destruída durante a conquista e ficou enterrada debaixo da igreja Santiago
Apóstolo.
“ O Templo Mayor era um dos principais templos
dos astecas na sua capital Tenochtitlan, atual Cidade do México. O seu estilo
arquitetónico pertence ao período pós-clássico mesoamericano. O templo era
chamado huey teocalli2 na língua nauatle e estava dedicado a
dois deuses em simultâneo, Huitzilopochtli, deus da guerra e Tlaloc, deus da
chuva e da agricultura, cada um deles com um santuário no topo da pirâmide e
cada um destes com a sua própria escadaria. Medindo aproximadamente 100 por 80
metros na base, o templo dominava um Recinto Sagrado. A construção do primeiro
templo teve início algum tempo depois de 1325, tendo sido reconstruído
posteriormente por seis vezes. O templo foi destruído pelos espanhóis em 1521.O
sítio arqueológico dos nossos dias situa-se imediatamente a nordeste do Zócalo,
ou praça principal da Cidade México, na esquina entre as ruas Seminario e Justo
Sierra.” Wikipedia
Altar
Tzompantli
Distribuídas
em fileiras, duzentas e quarenta crânios de pedra cobertas com várias camadas
de estuco decoram a fachada posterior e lateral do edifício. A fachada
principal tem uma escada limitada por
travas de madeira. Em seu interior se encontrou uma das oferendas mais
espetaculares que continha representações de instrumentos musicais e os
esqueletos de um puma e um lobo entre outros elementos. Esse edifício se
localiza ao norte do Templo Mayor indicando simbolicamente a região dos mortos
ou Mictampla, segundo a cosmovisão mexica.
Museu do Templo Mayor
Tentem imaginar como fiquei ao entrar nesse museu. Pinto no lixo perdia feio.
Não tem como descrever tantas peças lindas, portanto, só pra dar uma ideia, vejam algumas fotos.
Já vou avisando, porém, um aspecto que só então me dei conta - os astecas, maias, olmecas e todas as cultura mesoamericanas cultuavam a Morte. Ela está presente em tudo. Nisso vi algo que se assemelha à cultura egípcia em alguns aspectos, O egípcio se preparava para a morte desde que nascia. Seu funeral era a coisa mais importante na sua vida. Para os astecas, maias e outras culturas da região, a morte era momento de glória. Era o momento mais ansiado pelo guerreiro. Ele vivia para a morte.
Novamente pontos concordantes entre egípcios e mesmoamericanos - de início, entre os egípcios, só os faraós eram embalsamados. Depois esse benefício se estendeu à realeza. Um pouco depois, aos sacerdotes. Mais além, aos ricos e finalmente aos pobres.
Entre os astecas e maias só a nobreza podia ser embalsamada, embora não fosse um processo tão apurado como o egípcio. Os demais seres mortais eram cremados. Apesar disso, foram encontrados vários corpos enterrados e junto com eles os pertences dos mortos. Teriam burlado a lei?
Foto de Io Hardy |
Cabeça em basalto do deus Xólotl, encontrada nas escadarias do Templo |
Essa peça é um incensório. |
Representação do elemento Vento |
Oferendas |
Oferendas |
Detalhe da cabeça de um Chac Mool |
Taloc, deus da chuva foi venerado pelos mexicas e por muitos
povos mesoamericanos desde os tempos remotos. Essa deidade se encarregava de
trazer a chuva que traziam as colheitas, mas também podia trazer as tempestades
que acabavam com elas.
Braseiro do deus Taloc |
Máscara Olmeca |
Esta magnífica obra tem
uns três mil anos de antiguidade e pode vir da área limítrofe entre Guerrero, Oaxaca e Puebla, zonas de influência
olmeca. A máscara mede 10.2 cm de altura e mostra os clássicos traços olmecas
que evocam o jaguar, ademais da característica da fenda em forma de V na parte
superior da frente. Os mexicas evidentemente reconheceram o valor artísticos
desta máscara e a depositaram em oferenda, 2.500 anos depois de sua elaboração
como um de seus objetos mais apreciados.
Outras Máscaras
Máscara Teotihuacana |
Essa máscara
teotihuacana, feita em pedra de cor verde intenso , foi encontrada na oferenda
28, junto com um par de brincos que a acompanham. Conserva suas incrustações de
conchas e obsidiana, tanto nos olhos como nos dentes. Teotihuacan foi a
primeira grande metrópole da Mesoamérica e sua grande cultura se destacou em
todos os âmbitos. As máscaras e rostos teotihuacanos são particularmente
reconhecidos em todo mundo por sua qualidade expresiva e extraordinária manufatura.
Essa máscara teria pelo menos 8 séculos e antiguidade quando os mexicas a
depositaram em uma de suas oferendas.
Chac Mool |
Olla Tláloc |
Guerreiro Pássaro |
Deusa Mãe Coatlicue |
Huitzilopochtli |
Huitzilopochtli
ou o Colibrí Canhoto é o deus da guerra, deidade solar e patrono dos mexicas. Sob
sua tutela esse povo se converteu no mais poderoso do âmbito mesoamericano
durante o período Postclássico.
Era
filho de Coatlicue, irmão de Coyolxauhqui, a Lua e das estrelas, os Centzon
Huitznahua, todos eles deuses de inspiração mexica. Seu lugar tão relevante no
Templo Mayor dá conta da importância que Huitzilopochtli representava para os mexicas: a guerra e o tributo como
parte do sustento econômico.
Sacrificio Humano
Esse
tipo de rito se realizava de diversas maneiras e uma delas era o emprego de uma
pedra de sacrifícios, uma faca de obsidiana e um recipiente para ofertar os
corações, chamado Cuauhxicalli.
Revestia
de grande importância e era a maneira em que a morte seguia a vida tal como
ocorria na natureza, em que havia ao longo do ano uma temporada de seca onde as
plantas morriam e uma temporada de vida, em que a chuva fazia nascer os frutos
da terra como parte de um ciclo constante.
Através do sacrifício humano se ofertava o mais
apreciado, o sangue e a vida em si
mesma, para que através da morte surgisse a vida.
Os rituais funerários
O
tipo de funeral que se realizava a um defunto estava em função da forma em que
a morte houvesse ocorrido. Se havia falecido geralmente por causas relacionadas
com a água, era enterrado.
Por
outro lado, se a morte em guerra ou por enfermidade comum, implicava na
cremação do indivíduo. Este tratamento funerário geralmente se praticava na
alta hierarquia e aos guerreiros.
Em
cerimônia complicada que demorava vários dias, na qual morriam escravos e um
cachorro guia, o corpo do falecido – adornado com joias de pedras e metais –
era queimado posteriormente,
introduzindo-o em uma urna, junto com os seus cabelos e alguns dos
objetos que o adornavam.
A
tevolía ou alma do indivíduo viajaria à Casa do Sol se havia falecido na
guerra, mas se a morte houvesse sido por enfermidade comum, viajaria a Mictlan,
região em que levaria 4 anos para chegar.
Fotografei tudo
que pude até acabarem minhas baterias e quando saímos, 3 horas da tarde. Lembrei
que, àquela altura, meu irmão devia ter desmaiado de fome. Eu me esqueço de tudo
quando estou dentro de um museu interessante. Tadinho. Para me redimir, levei-o
correndo para ou outro lado da praça, direto para um restaurante.
Depois de um
almoço, ali mesmo no Zócalo, quando então provei a famosa água da Jamaica,
preparada com hibisco, ainda tivemos gás para ir até o Museu de Belas Artes, um
prédio belíssimo.
Entramos no
hall onde tiremos fotos, mas a visita por dentro do teatro só quando você
assiste a algum espetáculo. Não seja por isso. Domingo haverá um espetáculo do
Balé Folclórico Mexicano.
Compras, para o
dia ser um tanto completo, fomos às compras. De volta ao Zócalo e às lojas de
informática e fotografia.
Voltar para o
hotel, apesar de estarmos na hora do pique, até que foi tranquilo no metrô.
Cansados,
ficamos no hotel o restante da noite, já que havíamos abastecido a geladeira
com comidinhas.
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